“As pessoas sabem que são assaltadas” quando vão ao supermercado, diz Catarina Martins

Coordenadora do Bloco desvaloriza declarações da ministra da Agricultura sobre estudo de medidas sobre os preços dos alimentos. “Quando o Governo não quer fazer nada, diz que vai estudar”, afirma.

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Os preços dos produtos alimentares dispararam e não é só por causa da inflação Adriano Miranda

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, disse hoje que "as pessoas sabem que são assaltadas todos os dias quando chegam aos supermercados", acusando o Governo de dizer que "vai estudar" as situações quando não quer fazer nada.

"As pessoas sabem que são assaltadas todos os dias quando chegam aos supermercados. Vêem os lucros a crescer dos grandes grupos de distribuição, vêem que os seus salários estão parados", disse a coordenadora do BE no Porto.

A também deputada, que abandonará a coordenação do partido no final de Maio, tinha sido questionada acerca das declarações feitas no domingo pela ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, de que o Governo está a estudar "todas as medidas" para que o consumidor possa pagar o preço justo pelos alimentos.

"O que eu acho é que, quando o Governo não quer fazer nada, diz que vai estudar ou preparar um grupo de trabalho", disse hoje Catarina Martins no Porto, à margem de uma manifestação dos trabalhadores dos bares da CP - Comboios de Portugal, na estação de Campanhã.

Catarina Martins lembrou ainda os agricultores que "não estão a receber o dinheiro devido" pelos seus produtos. "Portanto sim, há verdadeiramente um movimento especulativo da grande distribuição, e o Governo, como não quer fazer nada, diz que vai estudar. Eu acho isto inaceitável, temo-lo dito", concluiu, defendendo ainda o controlo das margens de lucro e dos preços.

Anunciado em Maio de 2022 pelo Governo, a criação do observatório de preços foi formalizada por despacho publicado em Outubro do ano passado.

O objectivo é a "monitorização eficaz" dos custos e preços ao longo da cadeia de abastecimento agro-alimentar e maior transparência.

Contactada pela Lusa, fonte do ministério da Agricultura não adiantou uma data para a entrada em funcionamento do Observatório, referindo apenas que será "num futuro muito próximo".