Os burros estiveram em grande nos filmes dos Óscares — mas o que subiu ao palco não apareceu em nenhum
O apresentador Jimmy Kimmel trouxe para o palco uma burra que disse ser Jenny, do filme Os Espíritos de Inisherin. O realizador Martin McDonagh negou que fosse o mesmo animal.
Esta madrugada, Tudo em Todo o lado ao Mesmo Tempo foi o grande vencedor da 95.ª cerimónia dos Óscares, mas a noite não se faz só de prémios: além de nomeados e convidados, também houve tempo para os animais entrarem em palco. Neste caso, uma burra.
Foi apresentada como Jenny, a burra do filme Os Espíritos de Inisherin, por Jimmy Kimmel, que tinha a seu cargo a cerimónia dos Óscares. A suposta Jenny teria viajado da Irlanda para Los Angeles, nos Estados Unidos e, para além de actriz, teria outra ocupação: “Jenny não é apenas actriz, é uma burra de apoio emocional certificada. Pelo menos foi o que dissemos à companhia aérea para a colocar no avião da Irlanda", afirmou o apresentador.
Com um laço vermelho e uma faixa à volta do dorso que anunciava os serviços de apoio, o animal recebeu aplausos da plateia e surpreendeu os actores do filme Os Espíritos de Inisherin, como é o caso do actor irlandês Colin Farrell, que lhe atirou um beijo.
A presença da burra tornou-se rapidamente um fenómeno no Twitter, mas as opiniões dividiram-se: a grande maioria achou piada, mas também houve quem afirmasse que a burra não era a verdadeira Jenny. Segundo o jornal LA Times, o realizador Martin McDonagh e a actriz Kerry Condon confirmaram nos bastidores que este não foi o animal utilizado no filme. "Nunca teríamos permitido que isso acontecesse", declarou o cineasta.
A ida de um burro aos Óscares também levantou questões sobre o bem-estar dos animais. A Peta foi uma das associações que manifestou desagrado, uma vez que a burra não só não é actriz, como foi “utilizada como um adereço”.
“A burra Jenny é que precisa de apoio emocional. Imaginem o stress que sentiu por ter sido obrigada a estar em palco em frente a uma plateia grande e barulhenta e a tantas luzes”, lê-se na publicação.
Depois da rodagem do filme, o animal que fez de Jenny reformou-se a pedido do realizador e foi viver para um santuário de burros na cidade irlandesa de Carlow, escreve a Vulture, citando a antiga treinadora do animal.
Além de Os Espíritos de Inisherin, foram mais dois os filmes que mereceram nomeações para os prémios da sétima arte que, surpreendentemente, contaram com burros no seu elenco ou como parte da história.
EO, de Jerzy Skolimowski, que conta o percurso do burro Balthasar que é alvo de maus tratos por parte de vários donos até ser resgatado por veterinários, esteve nomeado para a categoria de melhor filme internacional, mas perdeu para A Oeste Nada de Novo.
Já no filme Triângulo da Tristeza, que venceu a Palma de Ouro de Cannes em Maio de 2022, um burro selvagem de uma ilha deserta serve de alimento aos hóspedes de um cruzeiro de luxo.