Vasco Cordeiro desafia governo dos Açores a “devolver a palavra aos açorianos”

O PS não vai apresentar uma moção de censura no parlamento açoriano. Vasco Cordeiro remete as responsabilidades para o governo.

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Vasco Cordeiro desafia Bolieiro a apresentar uma moção de confiança LUSA/EDUARDO COSTA

O inesperado fim do apoio da Iniciativa Liberal (IL) e do deputado independente ao Governo dos Açores originou uma crise política na região, mas, apesar do clima de instabilidade, não é provável que tal provoque a queda do executivo de coligação PSD, CDS-PP e PPM nos próximos tempos.

O PS descarta a apresentação de uma moção de censura, mas desafia o PSD a ir a eleições. “Mais do que moções, importa perceber se o governo está disponível para dar a palavra aos açorianos”, afirmou aos jornalistas o líder dos socialistas açorianos, Vasco Cordeiro, realçando que, “para já, o PS não pondera apresentar uma moção de censura”, mas essa é uma possibilidade que “não está excluída no futuro”.

O anterior presidente do governo regional (entre 2012 e 2020) instou o seu sucessor, José Manuel Bolieiro a “reflectir sobre a situação política” e sobre se tem condições para “servir os açorianos”. Para Vasco Cordeiro, a instabilidade vai continuar a marcar a política açoriana, porque a situação foi gerada no interior do governo: “Continuam a existir todos os ingredientes para a instabilidade”.

Por isso, salientou, cabe ao governo de coligação PSD, CDS-PP, PPM resolver a situação. “A responsabilidade, estando dentro do governo, coloca também a responsabilidade da solução no governo”.

Rejeitando comentar as declarações do Presidente da República, que na entrevista ao PÚBLICO/RTP descartou a dissolução da Assembleia Regional, Vasco Cordeiro insistiu nas responsabilidades do governo açoriano e na possibilidade de eleições antecipadas. “Há disponibilidade por parte do governo regional em devolver a palavra aos açorianos para que eles decidam? Esta é dúvida que existe neste momento”. Ficou feito o desafio.

Esta tem sido, aliás, a posição do PS nos Açores nos últimos anos. Nesta legislatura, sempre que a possibilidade de uma moção de censura pairou no ar, o PS atirou sempre as responsabilidades para o lado do governo regional.

Também o BE não parece estar disposto a avançar com uma moção de censura, até porque precisaria sempre dos votos do PS para a viabilizar.

Do lado do PSD, o próximo orçamento da região, que deverá ser discutido em Novembro, é tido como o momento decisivo. Inclusive, se antes da crise política a apresentação de um orçamento rectificativo era tido como praticamente inevitável, agora o cenário está praticamente descartado.

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