França anuncia produtos menstruais gratuitos para jovens
Na semana em que se assinala o Dia Internacional das Mulheres, o Governo de Élisabeth Borne anunciou novas medidas de combate à pobreza menstrual.
A partir de 2024, os gastos em produtos menstruais reutilizáveis vão deixar de ser uma preocupação para pessoas abaixo dos 25 anos em França. Na semana em que se assinala o Dia Internacional da Mulher, o Governo de Élisabeth Borne anunciou novas medidas de combate à pobreza menstrual, problema que afecta milhões de mulheres no país e que se traduz em dificuldades no acesso a estes produtos essenciais.
Um terço das mulheres francesas entre os 18 e os 24 anos identificou-se, no ano passado, com a mesma experiência: no corredor do supermercado dedicado à higiene feminina, os preços dos produtos menstruais obrigaram-nas a fazer contas ao dinheiro na carteira, principalmente num momento de instabilidade financeira que a inflação e a crise energética têm agravado.
Depois de o número de pessoas afectadas pela pobreza menstrual ter duplicado em apenas dois anos (de acordo com um estudo da associação Regles Elementaires), chegando aos quatro milhões, Paris planeou uma estratégia de combate a este tipo de pobreza.
“A precariedade menstrual é uma realidade que afecta demasiadas mulheres. É uma injustiça diária”, escreveu no Twitter a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne. “A partir de 2024, produtos reutilizáveis de protecção menstrual serão reembolsados pela segurança social para as mulheres com 25 anos ou menos.” Deverão, por isso, incluir-se produtos como copos menstruais, pensos reutilizáveis ou cuecas menstruais.
Até 2027, França admite ainda duplicar as verbas destinado a associações empenhadas nesta causa para que entreguem 30% a 40% dos produtos menstruais reutilizáveis necessários para pessoas em situações precárias. A par destes objectivos, o Governo garante incentivar a distribuição gratuita de produtos menstruais pelas autarquias e outras instituições.
Além de os produtos reutilizáveis se tornarem, a longo prazo, mais económicos, são escolhas mais sustentáveis para o ambiente, em comparação com os descartáveis como pensos higiénicos ou tampões.
E em Portugal?
Em 2020, a Escócia abriu caminho no combate à pobreza menstrual e tornou-se o primeiro país do mundo a disponibilizar gratuitamente produtos menstruais.
Alguns passos, ainda que menos ambiciosos, foram dados também em Portugal no ano passado. Em Novembro foi aprovado, no Orçamento do Estado para 2023, um projecto-piloto que prevê a distribuição gratuita de produtos a estudantes que tenham direito a apoio da acção social escolar, utentes do SNS com insuficiência económica, reclusas e sem-abrigo.
Em Maio foi também aprovada uma alteração ao Código do IVA que permitiu que todos os produtos de higiene menstrual fossem taxados a 6% de IVA.
Por outro lado, foi chumbada uma proposta do Bloco de Esquerda que previa a “distribuição gratuita de produtos de recolha menstrual em centros de saúde, escolas, instituições do ensino superior, prisões e junto de populações excluídas socialmente e que, por via dessa exclusão, têm menor contacto com as estruturas públicas de saúde” a partir deste ano.