Alimentos dominam lista dos preços que mais subiram no último ano

Óleos, produtos hortícolas, leite e ovos entre os produtos cujos preços mais subiram desde Fevereiro do ano passado. Alimentos registam a inflação mais alta desde 1990.

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Alimentos estão a dar forte contributo para a inflação Adriano Miranda

Na lista dos dez subgrupos de bens e serviços onde o Instituto Nacional de Estatística encontrou uma maior subida de preços durante o último ano, seis são de bens alimentares. Uma maioria que confirma o papel decisivo que, neste momento, os alimentos estão a desempenhar na manutenção da inflação a um nível elevado em Portugal.

Os dados publicados esta sexta-feira pelo INE para o índice de preços no consumidor do passado mês de Fevereiro confirmam, para os valores globais da inflação, a informação que tinha sido já avançada há cerca de duas semanas na estimativa rápida realizada pela autoridade estatística: que os preços dos bens e serviços tinham subido 0,3% entre Janeiro e Fevereiro deste ano, posicionando a taxa de inflação homóloga (a variação dos preços entre Fevereiro deste ano e Fevereiro do ano passado) nos 8,2%, ligeiramente menos do que os 8,4% registados em Janeiro.

Agora, aquilo que o INE acrescenta é a informação mais detalhada sobre a forma como cada tipo de bem e serviço viu os seus preços variar. E aqui, mantendo a tendência dos últimos meses, torna-se ainda mais evidente que o contributo dos alimentos para o nível alto de inflação é decisivo, numa altura em que os bens energéticos começam a desempenhar um papel menos importante.

É verdade que, entre todos os subgrupos de bens e serviços apresentados pelo INE, é o do gás que continua a apresentar uma variação dos preços mais elevada face a Fevereiro do ano passado: 54,9%. Mas, nos restantes lugares situados mais perto do topo da lista, nota-se uma predominância dos bens alimentares.

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O subgrupo “Óleos e gorduras”, com uma taxa de inflação homóloga de 35%, é o segundo com uma maior subida de preços, seguindo-se os produtos agrícolas e o subgrupo “Leite, queijo e ovos” logo a seguir. Pão e cereais, carne e frutas são outros subgrupos de bens alimentares que, com taxas de inflação em torno dos 20%, se encontram também nos dez primeiros lugares da lista.

No total, tal como já tinha sido revelado há duas semanas pelo INE, a taxa de inflação homóloga dos produtos alimentares não transformados atingiu os 20,1% em Fevereiro, o valor mais elevado desde Maio de 1990. É um número que significa também que, em contracorrente com a inflação total, a inflação nos alimentos continua a subir, já que em Janeiro se encontrava nos 18,5%.

De igual modo, o INE revela igualmente que a classe “Bens alimentares e bebidas não alcoólicas” contribuiu em Fevereiro com 4,6 pontos percentuais para o total da taxa de inflação de 8,2%. Isto é, foi responsável por mais de metade da subida de preços sentida pelos portugueses no último ano.

Nesta quinta-feira, o ministro da Economia e a ASAE apresentaram dados que dão conta de uma subida, em diversos produtos alimentares, das margens brutas praticadas pelos retalhistas. A margem bruta, contudo, não leva em conta os custos assumidos pelos retalhistas com pessoal ou com energia, por exemplo.

Ao mesmo tempo que o papel dos alimentos na manutenção de uma taxa de inflação homóloga elevada se acentua, na energia está-se a chegar ao momento em que os preços, em vários produtos, já se encontram a um nível mais baixo do que aquele que se registava há 12 meses, no início da guerra na Ucrânia.

Com a excepção muito evidente do gás, que se mantém mais de 50% mais caro do que há um ano, e dos combustíveis sólidos, cujos preços sobem quase 20%, outros produtos energéticos começam a registar taxas de inflação homólogas negativas. É o caso da electricidade, com uma variação negativa de 6% nos preços face a Fevereiro do ano passado, e dos combustíveis e lubrificantes para equipamento para transporte pessoal, com uma taxa de inflação negativa de 5%.

No total, os preços dos produtos energéticos caíram 2,2% durante o mês de Fevereiro, com a inflação homóloga a passar de 7,1% em Janeiro para 1,9%.

Tudo aponta para que, em Março, se registe uma nova e mais acentuada descida da inflação, uma vez que o efeito base da escalada de preços registada em Março de 2022 será muito forte, principalmente no que diz respeito aos produtos energéticos e aos bens alimentares.

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