APED afirma que retalho alimentar “não aumentou” margens de comercialização
Associação de empresas de distribuição garante que a margem média do sector do retalho alimentar ronda, em todo o mundo, os 2% a 3%.
A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) contestou esta quinta-feira as conclusões da ASAE sobre subida de preços dos alimentos, afirmando que o sector do retalho alimentar não aumentou as margens de comercialização.
Num comunicado em que afirma que a distribuição e o retalho são um sector que “não engana os consumidores”, estando sempre “do lado da solução”, a APED lamenta que a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) tenha produzido um relatório do qual este sector “não tem conhecimento nem foi convidado a dar os seus contributos”.
A ASAE anunciou esta quinta-feira que instaurou 51 processos-crime por especulação em fiscalizações a 960 operadores e detectou margens de lucro superiores a 50% em certos produtos. Estes dados resultam da última análise desta autoridade à subida dos preços de bens alimentares.
O cabaz alimentar, definido pela ASAE para calcular a evolução dos preços – que é composto por bens essenciais –, aumentou quase 29% desde 2022 e até Fevereiro deste ano para 96,44 euros.
Em comunicado, a APED acentua que o negócio da distribuição alimentar “é um negócio de volume e não de margem” e que “a margem média do sector do retalho alimentar” ronda, em todo o mundo, os 2% a 3%, em comparação “com margens da indústria na ordem dos 15% a 20%”.
“O sector do retalho alimentar não aumentou as margens de comercialização e reinventou-se para absorver o acréscimo generalizado dos custos operacionais, evitando que o ónus da inflação em geral para o consumidor fosse muito superior”, lê-se no mesmo comunicado.
A APED acentua ainda que a distribuição “está a comprar os produtos cada vez mais caros”, já em 2023, aos fornecedores (indústria e produção), indicando que estes aumentos no início da cadeia reflectem a subida dos custos dos factores de produção decorrentes dos aumentos dos preços dos fertilizantes, das rações e de outros custos relevantes.
Nesse contexto, aponta o caso do leite, “que está 75% mais caro nas lojas, precisamente o aumento que os fornecedores passaram para a distribuição”, indicando que “isso mesmo foi referido há três dias pela Fenelac [Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite]”.
A APED deixa ainda um apelo à ASAE para que “cumpra o que prometeu e analise toda a cadeia de valor” e que promova “uma comunicação clara, objectiva e sustentada em evidências, que contribua para a promoção de um ambiente de serenidade junto dos consumidores”.