Borrell espera poder avançar com a compra conjunta de munições até ao fim de Março

Ministros da Defesa da UE subscreveram plano do chefe da diplomacia europeia para acelerar o fornecimento de material militar à Ucrânia e reforçar a capacidade de produção da indústria europeia.

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Josep Borrell, na conferência de imprensa em Estocolmo Reuters/TT NEWS AGENCY

Os Estados-membros da União Europeia estão disponíveis para mobilizar dois mil milhões de euros para o orçamento do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz que tem financiado o apoio militar concedido pelos 27 à Ucrânia, para acelerar o fornecimento das munições de artilharia pesada que o Governo de Kiev tem vindo a reclamar para suster a nova ofensiva das tropas russas — nomeadamente através do lançamento, se possível até ao final do mês, do primeiro consórcio para a aquisição conjunta desse material.

No final de uma reunião informal dos ministros da Defesa da UE, esta quarta-feira, em Estocolmo, o Alto Representante para a Politica Externa e de Segurança, Josep Borrell, confirmou que os 27 endossaram a sua proposta “em três pilares paralelos” para acelerar a entrega de munições à Ucrânia, que precisa de receber mais material, e mais depressa, para conseguir resistir e responder aos ataques da Rússia.

“Estamos a falar de semanas”, vincou Borrell, explicando que o primeiro pilar do seu plano passa por “fornecer rapidamente [à Ucrânia] as munições disponíveis nos stocks existentes” dos vários Exércitos nacionais (tanto as que estão armazenadas como as que forem chegando aos países à medida que a indústria proceder às entregas do material contratado).

Convidado a participar na reunião, o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, disse aos jornalistas que o seu Exército precisa de “gastar” entre 90 mil a 100 mil disparos de artilharia por mês. O responsável ucraniano esperava poder convencer os ministros da UE a aprovar um plano avançado pela Estónia para a compra conjunta de um milhão de obuses de 155 milímetros (os projécteis que são disparados pelos tanques Leopard 2) ainda este ano.

A compra conjunta de munições é o segundo pilar da proposta de Borrell que foi subscrita pelos 27: os Estados-membros interessados começarão já a trabalhar, sob a coordenação da Agência Europeia de Defesa, para a agregação da sua procura e a formação de consórcios para a aquisição de material, seja para repor as reservas nacionais, seja para fornecer à Ucrânia.

“Com a compra conjunta vamos conseguir reduzir os custos unitários e também diminuir o prazo das entregas”, afirmou Borrell. Além disso, com a mudança de escala das encomendas, as empresas europeias terão as garantias necessárias para poderem apostar no reforço da capacidade de produção — esse é o terceiro pilar do plano. “Não podemos falar seriamente da nossa autonomia estratégica se não tivermos capacidade de defesa suficiente na nossa vertente industrial”, argumentou o chefe da diplomacia europeia.

No entanto, como Borrell fez questão de assinalar, o acordo de princípio fechado em Estocolmo para a aquisição conjunta é totalmente distinto do plano da Estónia, que tem um custo estimado de quatro mil milhões de euros. “O dinheiro não cai do céu e não aparece por milagre”, comentou, aconselhando os Estados-membros a serem “realistas e pragmáticos” nas propostas que apresentam.

Segundo as contas apresentadas pelo chefe da diplomacia europeia, o primeiro pilar do seu plano para a entrega imediata de mais munições à Ucrânia vai exigir um financiamento de mil milhões de euros do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz. E para lançar a aquisição conjunta de munições, serão precisos outros mil milhões de euros, praticamente esgotando o envelope existente no fundo que está à margem do orçamento comunitário.

“Posso dizer que houve um acordo para avançar neste sentido, mas agora será preciso discutir todos os detalhes para podermos aprovar esta proposta na reunião conjunta do Conselho da Defesa e dos Negócios Estrangeiros de 20 de Março”, disse Borrell.

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