O impacto ambiental das guerras, os direitos das mulheres e o futuro do planeta
No dia em que se assinala o Dia Internacional da Mulher é importante lembrar todas as mulheres que contribuíram e contribuem, de múltiplas formas, para a defesa do planeta, o progresso da Ciência e o futuro da Humanidade.
Em 1974, Françoise d'Eaubonne, escritora francesa, cunhou, na sua obra “Feminismo ou Morte”, o termo ecofeminismo. Desde então, a mobilização de mulheres pela defesa das causas ambientais em diferentes partes do mundo deu origem a uma nova corrente do movimento feminista, o ecofeminismo ou feminismo ecológico.
As mulheres conscientes das múltiplas discriminações que sofrem, por serem mulheres, tomaram também consciência da necessidade de combater a exploração da natureza e juntaram-se na defesa das florestas, da água, do direito a cultivar as terras, posicionando-se contra as guerras e a utilização de armas nucleares.
Em pleno século XXI, assistimos a inúmeros conflitos armados que teimam em não cessar.
As alterações climáticas, a perda da biodiversidade e a poluição representam uma tríade preocupante para a vida na Terra e as guerras, como a que atualmente ocorre na Ucrânia, agravam drasticamente a crise climática.
Na reconstrução pós-guerra, perante os cenários de destruição avassaladores do ponto de vista social e económico, os aspetos ambientais são frequentemente negligenciados e pouco valorizados nos projetos de recuperação e agendas de paz pós-conflito.
É imprescindível ter presente que um meio ambiente saudável é essencial para que a paz e os direitos humanos fundamentais sejam possíveis.
Segundo o mais recente Relatório Global sobre Deslocamento Interno do Centro de Monitorização de Deslocamento Interno (IDMC), 59,1 milhões de pessoas estavam deslocadas internamente em todo o mundo no final de 2021, 53,2 milhões como resultado de conflitos e violência e 5,9 milhões como resultado de catástrofes ambientais.
A par da ação humanitária, medidas de descontaminação dos solos e da água, contenção de resíduos tóxicos e recolha do armamento remanescente, recuperação dos ecossistemas e repovoamento de flora e fauna autóctones são extremamente relevantes quer do ponto de vista da saúde das populações, quer ambiental.
É importante referir que mulheres e crianças representam a maioria dos refugiados. Com o aumento da frequência de fenómenos extremos ambientais, a deslocação de populações será cada vez mais frequente, particularmente nas regiões costeiras.
É natural que estes cenários preocupem as novas gerações e, se por um lado têm contribuído para a ecoansiedade das e dos jovens de hoje, por outro, a mobilização, por todo o mundo, de quem mais irá sofrer as consequências das decisões que agora forem tomadas, merece todo o reconhecimento e apoio.
Com o início deste milénio, o debate em torno das alterações climáticas intensificou-se e são muitas as vozes de mulheres que têm surgido em defesa das causas climáticas. Jovens como a Greta Thunberg têm mobilizado estudantes de todo o mundo para a defesa do planeta.
As ecofeministas de todos os continentes têm defendido a conservação de espécies, uma agricultura mais sustentável, recuperado conhecimentos indígenas e ancestrais, combatido a desflorestação, defendido os direitos dos animais, procurado soluções para o acesso e armazenamento de água, recolhido lixo dos oceanos e rios e optado por dietas alimentares e estilos de vida mais sustentáveis.
Recuperar a conexão com a natureza é benéfico para a nossa saúde mental e física.
A manutenção da esperança na Humanidade, sabendo que uma resposta coletiva, multinível e internacional poderá reverter muitos dos processos de colapso ambiental a que assistimos atualmente é o mote para a ação.
A emergência climática é hoje.
E as novas gerações estão prontas e determinadas a lutar pelo futuro do planeta.
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico.