Foi na passada sexta-feira, dia 3 de Março, que teve lugar no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sinta, a entrega do Prémio Revelação Ageas Teatro Nacional D. Maria II. Este é um galardão que pretende valorizar jovens com menos de 30 anos, trabalhadores de Teatro, fomentando o desenvolvimento de um percurso profissional neste sector. Pedro Azevedo, cenógrafo, figurinista e criador, foi o vencedor da 4ª edição.

Eleito por um júri composto por 16 profissionais representativos de diversas áreas associadas ao meio artístico e cultural português, Pedro Azevedo junta-se assim a Sara Barros Leitão, Mário Coelho e Cárin Geada, profissionais que venceram as edições anteriores. Quanto ao Prémio, é atribuído anualmente, num valor pecuniário de 5.000 euros.

“O facto de já irmos na 4ª edição, por si só, diz que é um balanço muito positivo”, começa por dizer Teresa Thobe, Responsável de Marca, Patrocínios e Parcerias do Grupo Ageas Portugal, acrescentando: “Foi um desafio que lançámos há 4 anos - reconhecer jovens criadores. Temos muita vontade em continuar. Tanta vontade que desafiámos outros parceiros a desenvolver outros prémios e estendemos esta distinção às artes circenses e à dança. É uma forma de incentivar os jovens criadores a continuarem em Portugal e a contribuir para o panorama cultural português”.

A parceria entre o Grupo Ageas Portugal e o Teatro Nacional D. Maria II surgiu em 2019, com o Prémio Revelação Ageas Teatro Nacional D. Maria II​ e a Rede Eunice Ageas, um projecto de circulação nacional dos espectáculos do Teatro.

Teresa Thobe sublinha que esta é uma parceria que surge numa “lógica de valorização do sector, de contribuição do Grupo Ageas Portugal para o panorama cultural português e sobretudo para dar visibilidade a estes jovens, valorizando a sua profissão e trabalhando para aquilo que é a qualificação profissional”. Na hora de balanços, uma coisa é certa, este é, desde o início, um prémio que “pode viabilizar projectos que estes jovens criadores possam vir a ter, ao mesmo tempo que lhes dá visibilidade”, reforça Teresa Thobe.

E é precisamente a pensar nessa visibilidade que Pedro Azevedo, o vencedor, reforça a importância desta nomeação: “Acho que é muito importante este reconhecimento, porque na verdade normalmente são áreas que, no domínio público, são sempre um bocadinho mais esquecidas. Acho que muita gente não faz ideia da quantidade de pessoas que são necessárias para que um espectáculo aconteça. A profissão de cenógrafo e figurinista, muitas vezes, ainda acompanha a explicação daquilo que é ser cenógrafo e figurinista. Acho que nem toda a gente sabe e portanto, acho que só por aí, isto já é sintomático de alguma coisa”. Para o cenógrafo, este é um prémio que surge como um reconhecimento do trabalho feito até aqui, mas, acima de tudo, como um “estímulo para continuarmos. Para ser cenógrafo, tens sempre de continuar a trabalhar, porque as pessoas conhecem o teu trabalho pelo teu trabalho. Portanto, espero que este prémio me traga isso”, afirma.

Porque este é um Prémio que traz consigo uma vontade de futuro, sobrou ainda espaço para se falar nas gerações de artistas que ainda traçarão o seu caminho. “É importante perceberem que fazer Teatro não é só aquilo que nos dizem na escola”, sublinha Pedro, acrescentando ainda que "é preciso mesmo gostar de fazer Teatro para se continuar a fazer Teatro. É uma profissão muito prazerosa, mas também tem o seu lado mais violento. Acho que é importante ter esta consciência”.

Prémio entregue, foi altura de baixar as luzes e assistir à antestreia do espectáculo “O Misantropo”, um texto de Hugo van der Ding e Martim Sousa Tavares, a partir do original de Molière. Encenado por Mónica Garnel, este é um espectáculo integrado na Odisseia Nacional, uma viagem do Teatro Nacional D.Maria II através da qual, ao longo deste ano, é levada a sua programação a todo o país.