Morreu o advogado José Manuel Galvão Teles aos 84 anos
Galvão Teles foi membro do Conselho de Estado, embaixador de Portugal junto das Nações Unidas entre 1975 e 1976 e chefe de delegação em importantes missões de natureza política.
O advogado José Manuel Galvão Teles morreu esta quinta-feira, em Lisboa, aos 84 anos, vítima de doença prolongada, sendo o seu funeral realizado no sábado, anunciou a sociedade de advogados que fundou.
José Manuel Galvão Teles era advogado há 60 anos, com inscrição na Ordem dos Advogados em 1963, e desde jovem que se destacou na luta activa pela democracia, tendo ficado "reconhecido como um político convicto da importância dos direitos fundamentais e um homem de cultura".
Fundou a Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva e Associados, uma fusão de dois dos principais escritórios de advocacia, e recebeu em 2010 a Medalha de Honra da Ordem dos Advogados refere a sociedade, numa nota de pesar divulgada esta quinta-feira.
"A sua experiência na advocacia portuguesa é, em si mesma, uma representação fiel da história político-económica de Portugal, tendo defendido réus acusados de crimes políticos durante o Estado Novo, participou depois em processos internacionais pela paz e contra o "apartheid", consolidando no Portugal democrático uma carreira dedicada às fusões e aquisições, mas também ao contencioso, tendo patrocinado algumas das acções cíveis de maior valor julgadas em tribunais portugueses e, com sucesso, alguns dos mais importantes e mediáticos processos-crime", refere comunicado.
Galvão Teles foi membro do Conselho de Estado, embaixador de Portugal junto das Nações Unidas entre 1975 e 1976, num período considerado fundamental para a negociação da descolonização, e chefe de delegação em importantes missões de natureza política e económico-financeira.
Em 2005 foi agraciado pelo então Presidente da República Jorge Sampaio com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, tendo sido em Novembro de 2022 condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade pelo chefe de Estado Marcelo Rebelo de Sousa.
Foi presidente da Juventude Católica, fundador e dirigente da "Cooperativa Pragma" (dissolvida posteriormente pela PIDE), editor dos "Cadernos GEDOC", presidente do "Centro Nacional de Cultura" e colaborador da revista "O Tempo e o Modo" (e, consequentemente, interrogado pelo regime quanto às actividades desenvolvidas), candidato a deputado pela Oposição (CDE) nas eleições de 1969 e advogado de defesa em importantes processos políticos, como a defesa do arquitecto Nuno Teotónio Pereira. Opôs-se sempre à guerra colonial, com uma voz muito activa, intervindo e alertando publicamente para a situação política nacional, escreve a revista Advocatus.
Fundou e foi dirigente de várias associações e fundações privadas ligadas à cultura, como a Fundação de Serralves, a Fundação Mário Soares, a Fundação das Casas de Fronteira e Alorna e a Fundação Júlio Pomar.