Montenegro aponta governos do PSD como “os quatro melhores da democracia portuguesa”
O líder social-democrata falava na apresentação do quinto volume dos textos políticos de Sá Carneiro, editado pelo Instituto Sá Carneiro e pela Alêtheia, e que é dedicado ao período entre 1977 e 1978.
O presidente dos sociais-democratas defendeu esta quinta-feira que o seu partido liderou "os quatro melhores governos da democracia portuguesa", numa intervenção em que considerou que o PSD continua a não se poder definir como de esquerda ou de direita.
O lançamento do livro "Sá Carneiro - A ausência da liderança", o quinto volume dos textos políticos do fundador do PSD, decorreu na Assembleia da República e contou com a presença do militante número um do PSD, Francisco Pinto Balsemão, fundador e antigo primeiro-ministro.
Luís Montenegro, que assinou o prefácio deste volume, começou por assinalar que a discussão sobre o posicionamento ideológico do PSD continua a ser, como nos anos de 1970, tema de debate e "nunca está terminada".
"O principal do pensamento que aqui está expresso e que reflecte também este ponto de partida é que nós não somos um partido de direita e não somos um partido de esquerda. Seremos um partido moderado do centro -- centro-direita, centro-esquerda, abrangemos um bocadinho toda essa área de pensamento -- e teremos dentro de nós sempre essa discussão, faz parte da nossa identidade", afirmou.
Para Luís Montenegro, mais do que uma ideologia, "o PSD tem sobretudo uma ligação muito grande às pessoas, ao povo".
"Como dizia Francisco Sá Carneiro, somos um partido popular, não é por acaso que a nossa primeira designação foi Partido Popular Democrático", disse, defendendo que o PSD é o partido "que se preocupa com a dignidade do ser humano, que quer dar a cada possibilidade a possibilidade de alcançar os seus objectivos na vida".
Neste ponto, defendeu que "à cabeça" das tarefas do Estado tem de estar a defesa da escola pública, considerando que "a verdadeira democracia só se alcança quando todos têm a possibilidade de adquirir qualificações".
Fazendo uma ligação entre o fim da década de 1970 e a actualidade, Luís Montenegro considerou que a grande diferença entre PS e PSD continua a ser "a linha política verdadeiramente reformista e transformadora dos sociais-democratas", partindo mesmo para uma comparação entre os executivos liderados pelos dois partidos desde 1976.
"Os governos da AD com Sá Carneiro e Balsemão foram muito mais transformadores do que foram os governos de Mário Soares, cada um no seu contexto histórico", defendeu.
O presidente do PSD continuou nesta comparação e saudou depois o que foi feito pelos governos liderados por Cavaco Silva, entre 1985-1995, por Durão Barroso e Santana Lopes -- "ainda que muito limitados no tempo" -- e o de Passos Coelho, entre 2011 e 2015, considerando que "marcaram a diferença em relação aos que os antecederam e aos que lhes sucederam"
"Sinto um orgulho enorme em ser hoje presidente do PSD e olhar para trás e ver tantos líderes e tanta gente qualificada, mas ver quatro governos que foram os quatro melhores governos da democracia portuguesa", afirmou, desafiando os portugueses a confrontarem os resultados destes executivos com os dos liderados pelo PS.
Analisando o período desde 1995, em que o PS governou 21 anos e o PSD apenas sete, Montenegro voltou a fazer um diagnóstico negativo da governação socialista, repetindo a frase a que tem recorrido várias vezes de que "o engenheiro António Guterres deixou o país num pântano, José Sócrates na bancarrota e António Costa está num ciclo de empobrecimento que nos está a levar para a cauda da Europa", na única vez que se referiu ao actual primeiro-ministro na sua intervenção de cerca de meia hora.
"Antes disso, já tinha vindo o FMI duas vezes pela mão do PS. Isso diz muito do que deve ser a confiança, a esperança e a ambição que devemos ter no nosso projecto político para ficarmos à altura da história dos que nos antecederam e deixarmos aos vindouros trabalho para prosseguirem com os mesmos princípios programáticos aqui definidos", afirmou.
O quinto volume dos textos políticos de Sá Carneiro, editado pelo Instituto Sá Carneiro e pela Alêtheia, é dedicado ao período dos anos de 1977 e 1978, durante os quais o fundador do PSD deixou por alguns meses a liderança do partido -- daí o título "A ausência da liderança" -- antes de regressar e tornar-se primeiro-ministro até morrer, em 1980.