O Geadas serve Trás-os-Montes à mesa no Altis Grand Hotel
Durante três dias, o célebre restaurante de Bragança apresenta-se no Grill D. Fernando. Há butelo, casulas, javali e castanhas com uma das melhores vistas sobre Lisboa.
A família Gonçalves trouxe de Trás-os-Montes todos os produtos necessários para a confecção das seis refeições que irá servir, durante três dias – de 1 a 3 de Março –, no restaurante Grill D. Fernando no Altis Grand Hotel, na Rua Castilho. É assim que o célebre restaurante de Bragança, O Geadas, se apresenta em Lisboa, inaugurando as Semanas Gastronómicas que o Altis irá fazer ao longo do ano.
“Todos os produtos? Até as batatas?”. Óscar Geadas, que não está aqui em representação do seu restaurante, G, com uma estrela Michelin, mas apenas a acompanhar os pais, dando uma mão na cozinha, e alguns dedos de conversa na sala, sorri perante a pergunta. Sim, claro, também as batatas que acompanham o prato muito tradicional de butelo com casulas. “As batatas de sequeiro são completamente diferentes”, explica, e, de facto, com menos água do que outras, concentram todo o sabor.
O que se encontra durante os três dias no Grill D. Fernando, situado no 12.º andar do Altis e com uma excepcional vista sobre a cidade, é exactamente o conforto da cozinha caseira que se pode experimentar no Geadas. E cada uma das refeições terá um menu diferente, para que se possam provar vários dos pratos do restaurante de Iracema e Adérito Gonçalves.
O almoço em que a Fugas esteve presente teve como entrada repolgas com chouriço e croutons de pão. Virgílio Gomes, transmontano, estudioso de gastronomia e embaixador desta primeira edição das Semanas Gastronómicas, enquadrou o que ia sendo servido, explicando que repolgas é o nome que se dá aos cogumelos pleurotus, os mais consumidos na região.
Seguiu-se um caldo de perdiz com legumes. E, como prato principal, foi servido o butelo com as casulas que, contou novamente Virgílio Gomes, na sua infância era uma refeição do Entrudo, mas agora ganhou maior popularidade e é servida todo o Inverno, valorizando o enchido que aproveita as carnes junto do osso da coluna do porco bísaro.
Para terminar, um pudim de amêndoa com figos confitados. “São confitados pela minha mãe”, disse Óscar, orgulhoso, enquanto Iracema sorria, tímida mas satisfeita. O chef explicou que neste pudim utilizam a amêndoa na fase em que o fruto ainda se está a formar e é leitoso, “o que lhe dá uma maior acidez”, e revela o cuidado e a atenção colocados em cada detalhe da cozinha.
Dia 1 ao jantar, o prato que veio para as mesas foi o javali estufado com castanhas, que teve a companhia de um caldo de nabo com presunto e, na sobremesa, de um toucinho-do-céu.
Esta quinta-feira, segundo dia do evento, os Geadas (o nome de família é Gonçalves, mas tornaram-se conhecidos assim por causa de um primeiro estabelecimento que tiveram em Vinhais e onde um cliente terá dito ao pai do Óscar que os preços “queimavam como a geada”) apresentam, ao almoço, chouriço azedo com grelos, sopa de castanhas, cozido com carnes de porco bísaro e leite creme torrado. E ao jantar, cuscos transmontanos com costela de porco bísaro, canja de pombo, posta de carne mirandesa com batata a murro e, no final, pudim de feijão.
No terceiro e último dia haverá ao almoço alheira assada e chouriço sabiano, caldo verde, cabrito assado no forno com batata assada e arroz de miúdos, e pudim de castanhas com castanhas em calda. No jantar que encerra o evento vai ser possível provar milhos com salpicão, creme de ervilhas, galo estufado no tacho com batata cozida e pão torrado e, para terminar, tarte de grão-de-bico.
As refeições têm o valor de 50 euros e são acompanhadas por vinhos Casa do Joa e azeite Arvolea. A próxima Semana Gastronómica acontece já no final do mês e trará ao Grill D. Fernando o restaurante O Gaveto, que viajará de Matosinhos até Lisboa e ao 12.º andar do Altis.