Euribor a 12 meses aproxima-se rapidamente dos 4%
Os três prazos utilizados no crédito à habitação em Portugal reforçam máximos de mais de 14 anos.
As taxas de juro Euribor, especialmente a seis e a 12 meses têm estado a subir de forma acelerada, quando faltam cerca de duas semanas para a próxima reunião do Banco Central Europeu (BCE), a 16 de Março, que confirmará nova subida da sua taxa directora em 0,5 pontos percentuais, para 3,5%. Mas o mercado está já a antecipar uma subida da taxa de referência para os 4% até Junho, o que poderá ajudar a explicar a forte subida que se está a registar das taxas Euribor, fixadas no mercado monetário, através da média das taxas a que um grupo alargado de bancos está disposto a conceder empréstimos entre si.
A persistência da elevada taxa de inflação na zona euro – terá abrandado ligeiramente, para 8,5% em Fevereiro, comparativamente aos 8,6% do mês anterior, segundo estimativa rápida do Eurostat –, ainda muito longe do objectivo de 2% do BCE, pressiona o banco central a agravar o custo do dinheiro.
A Euribor a 12 meses, que actualmente está presente em cerca de 43% do volume de crédito à habitação em Portugal, caminha a passos largos para os 4%. Esta quinta-feira, esta taxa avançou 0,076 pontos base, fixando-se em 3,821%, novo máximo desde Dezembro de 2008. Recorde-se que em Março do ano passado esta taxa encontrava-se em valor negativo (0,237%, média do mês), tendo entrado em terreno positivo a 12 de Abril.
A taxa a seis meses também tem subido de forma expressiva, aproximando-se dos 3,5%. Este prazo, presente em cerca de 34% do crédito para compra de casa, subiu 0,055 pontos, para 3,366%, igualmente novo máximo desde Dezembro de 2008. Este prazo entrou em terreno positivo em Junho do ano passado.
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Embora se aproxime dos 3%, a Euribor a três meses tem registado uma progressão mais lenta. Na sessão de hoje subiu 0,018 pontos, para 2,801%, o valor mais elevado desde Janeiro de 2009. Este foi o último prazo a entrar em terreno positivo, a 14 de Julho de 2022.
O aumento tão acentuado das taxas de juro representa um duro golpe nos orçamento das famílias portuguesas, que têm cerca de 90% dos empréstimos associados a estas taxas variáveis.
A média dos três prazos da Euribor em Fevereiro, arredondados à milésima, que servem de referência para as revisões de contratos a ocorrer em Março, bem como para os novos empréstimos a ocorrer neste mês, subiu a três meses para 2,640%, a seis meses para 3,135% e a 12 meses para 3,534%.
A título exemplificativo, em apenas um ano, a prestação de um empréstimo de 150 mil euros, associado à Euribor a 12 meses, pelo prazo de 30 anos e com um spread de 1%, dispara 66%. Em valor, a prestação passa de 459,73 euros para 763,06 euros, mais 303,33 euros.