Emissões de CO2 associadas à energia abrandam, mas continuam a quebrar recordes

As tecnologias de energia verde evitaram mais de 550 milhões de toneladas de emissões de CO2, nota um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), publicado esta quinta-feira.

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As emissões de CO2 do petróleo aumentaram 2,5% Reuters/STEPHANE MAHE

As emissões globais de dióxido de carbono, relacionadas com energia, atingiram um novo recorde no ano passado. O número não foi mais alto porque as tecnologias de energia verde limitaram o impacto do aumento do uso de carvão e petróleo, adianta o novo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), publicado esta quinta-feira.

Mas, nem tudo é mau. O crescimento das emissões de dióxido de carbono foi inferior a 1% em 2022, o que acaba por ser menor do que o esperado.

Segundo Fatih Birol, director executivo da AIE, “os impactos da crise energética não resultaram no grande aumento das emissões globais que inicialmente se temia” por causa do crescimento da energia solar e eólica e também por causa dos veículos eléctricos e da eficiência energética.

O aumento estabilizou relativamente a 2021, que teve um crescimento excepcional de emissões relacionadas com a energia de 6%, mas continua numa trajectória crescente insustentável, adianta a AIE.

Em 2021 o aumento das emissões relacionadas com a energia foi de 6%, um número excepcionalmente alto devido à intensificação da produção durante a recuperação económica da crise causada pela pandemia.

Para atingir as metas que procuram limitar o aumento das temperaturas e travar o descontrolo das alterações climáticas é preciso diminuir as emissões, segundo os especialistas, especialmente do uso de combustíveis fósseis.

“Assistimos ainda ao aumento das emissões provenientes de combustíveis fósseis”, adianta Birol, “que sabotam os esforços para atingir os objectivos climáticos globais”.

Viagens aéreas com metade das emissões

O relatório da organização sediada em Paris é publicado umas semanas depois de grandes produtores de combustíveis fósseis como a Chevron, Exxon Mobil e Shell apresentarem lucros recorde. A BP também está a voltar atrás nos planos para cortar a produção de gás e petróleo que poderiam ajudar a reduzir as emissões.

“Empresas nacionais e internacionais de combustível estão a atingir lucros recorde e têm que assumir a sua quota de responsabilidade”, lembra o director executivo da AIE.

As emissões globais provenientes da energia cresceram 0,9% em 2022, para um número recorde de 36,8 mil milhões de toneladas, segundo a análise da AIE.

As emissões de dióxido de carbono (CO2) provenientes do carvão cresceram 1,6% no ano passado, com muitos países a virarem-se para este combustível mais poluente depois da diminuição do fornecimento de gás russo na Europa, por causa da invasão russa na Ucrânia, ter aumentado o preço do gás para níveis recorde.

As emissões de CO2 do petróleo, segundo o relatório, aumentaram 2,5%, mas mantiveram-se abaixo dos níveis pré-pandémicos.

Quase metade do crescimento das emissões relacionadas com o petróleo foi por causa das viagens aéreas, que se realizaram em maior número, ainda numa recuperação da quebra na pandemia.

A diminuição da produção de energia nuclear e eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor, também contribuiu para o aumento das emissões relacionadas com a energia, segundo o relatório da AIE.

As emissões foram parcialmente compensadas pelo aumento das fontes de energia renováveis que, de acordo com os dados da AIE, evitaram mais 550 milhões de toneladas de emissões de CO2.