Em dois meses, a Marinha apreendeu tanta droga como em 2022
Só desde Janeiro já foram apreendidas pelas autoridades marítimas 11 embarcações usadas para tráfico de droga, em comparação às 15 confiscadas no ano de 2022.
A Marinha e Autoridade Marítima Nacional (AMN) apreenderam 16,48 toneladas de droga na costa portuguesa nos dois primeiros meses de 2023, praticamente a mesma quantidade de droga apreendida em todo o ano passado (16,52 toneladas). Os números foram divulgados à margem de uma iniciativa realizada no Cais Comercial de Faro, com a presença da ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, e da ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, inserida na acção "Governo Mais Próximo".
Nos dois primeiros meses do ano em curso, as autoridades marítimas registaram a apreensão de 16,48 toneladas de estupefacientes (haxixe), praticamente o mesmo número reportado em todo o ano de 2023 (16,52 toneladas de estupefacientes de haxixe e cocaína), de acordo com o comandante José Sousa Luís, porta-voz da Marinha e da AMN.
Em Janeiro e Fevereiro, Marinha e AMN realizaram 33 acções de combate ao narcotráfico em toda a costa portuguesa, algumas com apoio da Força Aérea e da Polícia Judiciária, face às 58 de 2021 e às 74 de 2022. Se no ano passado, foram detidas ou identificadas seis pessoas nestas operações de combate ao narcotráfico, realizadas em maioria na costa Sul do país, em 2023 esse número já ascende a 23, maioritariamente de nacionalidades espanhola e marroquina.
Quanto ao número de embarcações apreendidas pelas autoridades, foram 15 em todo o ano passado e, para já, em 2023 são 11. Trata-se de um forte incremento desta actividade criminal, também em comparação com 2021, em que a Marinha e AMN apreenderam 5,1 toneladas de droga e cinco embarcações e registaram três detidos/identificados.
As autoridades marítimas relacionam este aumento de tráfico de droga não só com o reforço de acções de combate, como também com o facto de, em Espanha, ter sido endurecida, em termos legais, a fiscalização às lanchas rápidas utilizadas para este tipo de actividade criminal, pelo que os traficantes têm procurado outras zonas para aceder à costa.
Três lanchas de fiscalização rápida, três lanchas de acção rápida, três veículos autónomos não tripulados, três equipas do pelotão de abordagem, um helicóptero, um navio de patrulha oceânica, um submarino e uma fragata têm sido alguns dos meios da Marinha envolvidos no combate ao narcotráfico, além de embarcações de alta velocidade da Polícia Marítima e de aeronaves da Força Aérea que detectam actividades suspeitas fora do mar territorial português.
"Criatividade" no combate ao narcotráfico colmata falta de meios
Helena Carreiras salientou também que o trabalho e criatividade das autoridades marítimas e Força Aérea no combate ao narcotráfico permite colmatar a necessidade de mais meios humanos e técnicos, elogiando o "grande sucesso" de operações recentes.
Questionada pelos jornalistas sobre um eventual aumento de meios humanos e técnicos para responder ao aumento do narcotráfico por via marítima, Helena Carreiras notou a "forma muito criativa" como Marinha, Autoridade Marítima e Força Aérea têm trabalhado. "Estou em crer que esse trabalho e essa criatividade, com a ajuda da inovação, das tecnologias, vão colmatar, eventualmente, algumas necessidades que tenhamos de meios para este combate", acrescentou, elogiando "as pessoas muito competentes e os operacionais muito qualificados" envolvidos nestas acções.
A ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, sustentou que a PJ tem feito apreensões e encerrado algumas oficinas que constroem lanchas rápidas envolvidas no tráfico de droga, mas a governante admitiu mudanças na lei, à semelhança do país vizinho, cuja legislação "identifica quem pode utilizar, de forma mais restrita, estas lanchas".
"E ao fazer isto, de facto, [Espanha] afunilou a possibilidade [de utilização das lanchas]. Parece-me que é uma questão que deve ser trabalhada também entre nós. Estamos com a PJ a trabalhar nisso, a ver quais são as possibilidades, do ponto de vista jurídico, de afunilarmos também nós a possibilidade de utilização destas lanchas e assim também restringirmos o seu uso", comentou.
Durante a acção realizada em Faro, foram distinguidos com um louvor colectivo todos os elementos dos Fuzileiros, Polícia Marítima e Força Aérea envolvidos nas acções de combate ao narcotráfico realizadas nos últimos meses. Foi também entregue a Medalha da Cruz Naval aos agentes da Polícia Marítima envolvidos numa operação em 4 de Fevereiro, na qual dois elementos ficaram feridos depois de a embarcação em que seguiam ter sido abalroada por uma lancha conduzida pelos traficantes.