Marcelo e Montenegro pousaram o telefone e encontram-se na Bolsa de Turismo

Presidente da República e líder do PSD assumiram que falam muitas vezes por telefone. Ao lado da ministra brasileira do Turismo, Marcelo assegurou que as relações com o Brasil são “dulcíssimas”.

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Marcelo e Montenegro tinham marcado visitas à BTL à mesma hora LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Antes da hora marcada da visita na agenda oficial divulgada, já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, passeava ao lado da ministra do Turismo do Brasil, Daniela Carneiro, pelo pavilhão dedicado à ilha da Madeira na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), conduzido por Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro e ex-candidato à câmara da Figueira da Foz pelo PSD. Mas seria outro social-democrata que Marcelo esperava encontrar nesta visita ao primeiro dia da BTL: Luís Montenegro.

Mais de duas horas depois de percorrer pavilhões, de tirar selfies, de provar doçaria regional e vinhos, distribuindo beijinhos e apertos de mão, o Presidente recebe, vindo ao seu encontro do pavilhão da área metropolitana de Lisboa, o líder do PSD. Já momentos antes, Marcelo tinha admitido que era provável vir a estar com Montenegro, uma vez que a hora das visitas coincidiam, e adiantou que “ainda ontem” tinha falado com o líder social-democrata ao telefone.

A conversa aconteceu no mesmo dia em que ainda soavam as palavras de Marcelo, ditas na véspera, sobre o “horizonte pessoal e político” do ex-primeiro-ministro Passos Coelho, sugerindo o seu regresso à política activa, depois de o ter ouvido num encontro privado e relatado pelo Expresso. O momento e o teor do telefonema ao actual líder do PSD aguçaram a curiosidade jornalística. Questionado se tinha falado com Luís Montenegro sobre este tema, o chefe de Estado respondeu: “Falamos sempre, mas não dizemos à comunicação social." "Quase dia sim, dia sim", confirmou Montenegro quando já estava frente a frente com Marcelo.

Nenhum dos dois quis revelar o teor das conversas que têm. “Eu não revelo as conversas que tenho. Presidente é Presidente”, respondeu aos jornalistas. “E eu muito menos”, retorquiu Montenegro, depois de Marcelo o ter apresentado à ministra brasileira do Turismo como o líder da oposição.

“Luís, vamos à foto”, disse uma das pessoas que estavam próximas dos dois protagonistas. Despediram-se, seguindo cada um a sua visita à feira do turismo. Se o Presidente admitiu que Passos Coelho falou do seu futuro político, Montenegro escusou-se a fazer "leituras" sobre o pensamento do antigo líder social-democrata, mas não quis mostrar qualquer mágoa com o seu reaparecimento: "Se Passos Coelho regressar à política activa, será sempre motivo de satisfação do PSD e da minha satisfação particular.”

Numa altura em que não é claro qual o objectivo do antigo primeiro-ministro sobre o seu futuro político, Montenegro recusou que um eventual regresso ensombre a sua liderança: “Eu não tenho receio de nada nem de ninguém.”

Ao lado da ministra brasileira do Turismo

Como Marcelo nunca deixou de estar ao lado da ministra do Turismo do Brasil, foi o pretexto para a pergunta sobre se a companhia servia para “adocicar” as relações entre Portugal e o Brasil perante a polémica em torno dos moldes da presença do Presidente Lula da Silva na Assembleia da República. “Com o Brasil as relações são sempre doces, sempre: o Brasil é doce, Portugal é doce. E as relações políticas e diplomáticas são dulcíssimas, quer dizer é o superlativo de doce, são muito, muito, muito doces e muito boas”, disse, ainda antes de ser conhecida a decisão sobre qual a sessão solene em que participará Lula da Silva no âmbito de uma visita de Estado a Portugal entre 22 e 25 de Abril.

Num momento caótico entre os muitos jornalistas (incluindo brasileiros) que o tentavam ouvir, o Presidente reiterou o desejo de que seja uma visita “muito bem-sucedida do Presidente do Brasil a Portugal”, desvalorizando a contestação promovida pelo Chega: “É a democracia, há quem goste, há quem não goste.”

Mesmo depois de ser conhecida a decisão da conferência de líderes da Assembleia da República sobre a organização de uma sessão própria para o Presidente Lula, em data a definir, mas que não será na cerimónia do 25 de Abril, o Presidente preferiu ser cauteloso e falar apenas depois de conhecer os pormenores.

Já sobre a subida da taxa de desemprego, para 7,1%, em Janeiro, o nível mais alto desde Novembro de 2020, Marcelo considerou ser “um sinal de que a evolução internacional está lenta” e de que a saída “do período de crise que vem do passado” pode “demorar mais tempo do que alguns esperavam”. O Presidente continuou a visita pelos pavilhões da feira num percurso que prometia demorar longas horas.

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