Lucro da EDP sobe 6% e atinge 871 milhões em 2022

Negócio português registou prejuízo de 257 milhões, essencialmente devido à seca dos primeiros nove meses do ano.

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Miguel Stilwell, presidente executivo do grupo EDP Rui Gaudencio

O resultado líquido recorrente da EDP subiu 6% em 2022, para 871 milhões de euros. A empresa presidida por Miguel Stilwell de Andrade atribui o aumento do lucro ao “bom desempenho das operações internacionais, sobretudo da actividade de energias renováveis na Europa e nas operações de redes de electricidade no Brasil”.

Já em Portugal, “a seca extremaque se verificou no “período de 12 meses terminado a Setembro de 2022”, fazendo do “ano hidrológico 2021/22, o terceiro mais seco desde 1931, penalizou fortemente os resultados da EDP”, afirma administração da empresa em comunicado ao mercado.

Apesar das fortes chuvas na recta final de 2022, que permitiram que as albufeiras sob gestão do grupo recuperassem os níveis de armazenamento para valores acima da média (na ordem dos 70%), melhorando “as perspectivas de produção no início de 2023”, o contributo de Portugal para as contas consolidadas de 2022 foi negativo em 257 milhões de euros.

O resultado líquido atribuível a accionistas da EDP subiu 3%, para 679 milhões de euros, detalha a empresa na apresentação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações aumentou 21% e atingiu 4522 milhões de euros. Trata-se de uma subida de 15% excluindo variações cambiais, devida ao “forte contributo do crescimento na EDP Renováveis e nas redes de electricidade no Brasil”.

Na terça-feira, a EDP Renováveis anunciou um aumento de 2% dos lucros em 2022, para 671 milhões de euros.

Relativamente à produção de energia hídrica em Portugal, num ano marcado por vários meses de restrições impostas pelo Governo devido à seca, a EDP produziu menos 38,2% em comparação com 2021, num total de 5.585 gigawatt hora (GWh).

Contudo, na produção de origem fóssil na Península Ibérica, a EDP não teve razões de queixa: as centrais a gás do grupo produziram mais 40%, para 9.033 GWh, e a produção a carvão em Espanha aumentou 64,4% (6.826 GWh).

No total, considerando também a produção renovável em todas as geografias em que a EDP opera (na Europa, Brasil, Estados Unidos da América e outros mercados), a produção de energia do grupo aumentou 2,6% (mais 7,4% de produção eólica e mais 143,2% de produção solar), para um total de 61.351 GWh em 2022.

O gás e o carvão representaram 15 e 11% da produção da EDP, respectivamente, a hídrica pesou 19% e a eólica e solar, 55%.

As receitas de vendas e serviços de energia do grupo subiram 38%, para 20,6 mil milhões de euros.

Embora o custo com vendas de energia também tenha subido 43%, para 14,5 mil milhões de euros, a margem bruta da EDP melhorou 27%, para 6,1 mil milhões de euros.

Em Dezembro, a dívida líquida da EDP totalizava 13,2 mil milhões de euros, um aumento de 1,7 mil milhões de euros que, de acordo com a empresa, reflectem principalmente a aceleração do investimento, sobretudo em renováveis e redes de electricidade, e a apreciação do real brasileiro e do dólar norte-americano.

O comunicado enviado à CMVM adianta que o conselho de administração executivo irá propor aos accionistas, liderados pela China Three Gorges, a distribuição de um dividendo relativo ao exercício de 2022,no valor de 0,19€ por acção, em linha com o ano anterior e com a política de dividendos estabelecida no plano estratégico 21-25 [anos de 2021 a 2025].

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