Ruben Östlund é o presidente do júri do próximo Festival de Cannes

No ano passado, recebeu a Palma de Ouro por Triângulo da Tristeza, agora nomeado para o Óscar de Melhor Filme e Realização.

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Ruben Ostlund em Cannes EPA/CLEMENS BILAN

O cineasta sueco Ruben Östlund será o presidente do júri do próximo Festival de Cannes, anunciou esta terça-feira a organização do evento. Nomeado para o Óscar de Melhor Realizador na iminente cerimónia de 13 de Março, com o seu filme Triângulo da Tristeza a competir pela estatueta de Melhor Filme depois de ter vencido a Palma de Ouro de Cannes em 2022, esta é a primeira vez em 50 anos que um sueco preside ao júri no festival — a sua antecessora foi Ingrid Bergman.

Ruben Östlund já tem duas Palmas de Ouro no currículo, a primeira por O Quadrado, e cabe-lhe agora chefiar um júri que escolhe precisamente os principais laureados do mais importante festival de cinema do mundo. “Estou feliz, orgulhoso e cheio de humildade por me ser confiada a honra de presidir ao júri da competição no Festival de Cannes deste ano”, diz o realizador sueco em comunicado, publicado no site do evento.

O festival, por seu turno, tem objectivos claros na escolha do seu nome. “Ao convidar Ruben Östlund para presidir ao júri, o Festival de Cannes quer homenagear filmes que são inflexíveis e francos e que exigem constantemente ao espectador que se desafie e que a arte continue a inventar-se”, lê-se na mesma nota. Já Östlund deixa uma chamada de atenção atempada: “Como presidente, lembrarei os meus colegas do júri da função social do cinema. Um bom filme diz respeito à experiência colectiva, estimula-nos a pensar e faz-nos querer discutir o que vimos. Por isso, vamos vê-los juntos.”

Este é o terceiro cineasta duplamente premiado com a Palma de Ouro a presidir ao júri, juntando-se ao exclusivo grupo formado por Francis Ford Coppola e Emir Kusturica — mas é o primeiro a assumir o cargo no ano logo a seguir à sua distinção com a honraria maior de Cannes.

Ruben Östlund enfuna as velas do romantismo da experiência Cannes: “Em nenhum outro lugar do mundo cinéfilo a expectativa é tão forte quanto quando a cortina sobe para mostrar os filmes em competição no festival”, diz, descrevendo os frequentadores de Cannes como “conhecedores” e frisando a sua sinceridade quando diz que “a cultura cinematográfica vive o seu momento mais importante de sempre”. Volta a falar da experiência comunal de ver cinema, em sala portanto, o que considera que “exige mais do que o que é mostrado no ecrã e aumenta a intensidade da experiência. Faz-nos pensar de uma forma diferente do que quando fazemos um scroll de dopamina em frente aos ecrãs individuais”, dispara contra o streaming.

Além das duas palmas, o realizador sueco já teve um filme seleccionado para a secção Un Certain Regard, de onde saiu com o prémio do júri em 2014. Era Força Maior. Depois de ter estudado cinema em Gotemburgo e de ter feito a sua primeira longa-metragem, The Guitar Mongoloid, em 2004, Östlund assinaria ainda De ofrivilliga em 2008 (Urso de Ouro no Festival de Berlim), Play em 2011 (seleccionado para a Quinzena dos Realizadores em Cannes), O Quadrado em 2017 e finalmente Triângulo da Tristeza, tanto elogiado quanto criticado. Nascido em 1974, pontuara antes nas curtas-metragens ou nos vídeos musicais e realizou a sua última curta em 2010.

“Ruben Östlund explora repetidamente uma dialéctica provocadora que se tornou a sua assinatura distintiva: uma situação inicial estabelece a base para um exame sociológico em que os instintos mais básicos da nossa humanidade são inefável e inflexivelmente examinados com humor corrosivo”, diz o festival.

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