Ministro alemão fala em planos para exercícios militares com EUA e Polónia
Boris Pistorius diz que mensagem para Putin seria de que a NATO não é tão fraca como ele pensava.
O ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, disse que a Alemanha está em conversações para um exercício militar conjunto com os Estados Unidos e a Polónia, segundo declarações à emissora pública ARD citadas pelas agências.
Segundo Pistorius, está a ser considerada a hipótese de exercícios militares conjuntos, mas o ministro não quis, “por agora”, dar pormenores.
No entanto, acrescentou que esses exercícios na Polónia, um país vizinho da Ucrânia, enviariam uma mensagem não só aos aliados da NATO e países no Leste da Europa, como ao Presidente russo, Vladimir Putin.
A Aliança Atlântica “está longe de estar tão fraca como [ele] pensou durante muito tempo”, disse Pistorius. “Está muito mais forte e muito mais unida” do que antes da invasão russa da Ucrânia.
Pistorius falou ainda sobre a necessidade de mais investimento nas Forças Armadas da Alemanha, mesmo com a quantia extraordinária anunciada há quase um ano pelo chanceler, Olaf Scholz, para dar corpo à Zeitenwende, a mudança de era, em que a Alemanha decide que tem de aumentar a sua capacidade militar. Os cem mil milhões de euros do fundo especial anunciado por Scholz não vão ser suficientes para fazer tudo o que não foi feito nos últimos 30 anos, disse.
O ministro anunciou ainda que vai ser possível adiantar o envio de obuses (howitzers) para a Ucrânia, prevendo a assinatura de contratos para o final de Março.
A Alemanha foi também dos primeiros países a dar passos no envio de tanques, depois do anúncio de que enviaria carros de combate Leopard 2 para a Ucrânia – recentemente, Pistorius, questionado sobre isso, informou que, tirando a Alemanha e a Polónia, mais nenhum país estava prestes a enviar algum dos seus Leopard 2, criticando não muito subtilmente o progresso, “que não tem sido espectacular”, dos aliados.
A Polónia foi o primeiro país a enviar Leopard para a Ucrânia, anunciou no final da semana passada o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki.
E Pistorius declarou, no dia em que se marcou um ano da invasão, 24 de Fevereiro, que Berlim iria enviar 18 Leopard 2, mais quatro do que o inicialmente prometido.
Outros países que prometeram nos últimos dias enviar estes veículos foram a Suécia, Espanha e Finlândia.
O político mais popular
Pistorius, do Partido Social Democrata (SPD), foi nomeado ministro da Defesa a 17 de Janeiro de 2023, depois da saída da muito criticada Christine Lambrecht. A gota de água para Lambrecht parece ter sido um vídeo de ano novo em Berlim, que a ministra gravou ao som de fogo-de-artifício e com considerações de como tinha conhecido pessoas interessantes no decorrer do ano, após a invasão russa da Ucrânia.
Apesar de o cargo da Defesa ser visto como um campo minado, Pistorius, descrito por Scholz como experiente (mas só na política regional), conseguiu em pouco tempo ascender ao lugar de político mais popular da Alemanha, segundo o Barómetro da estação de televisão pública ZDF.
Seguem-se, a alguma distância, o ministro da Economia, Robert Habeck (Verdes), que durante muito tempo foi o mais popular, o chanceler, Olaf Scholz (SPD), e a ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock (Verdes).
Pistorius tem sido mais directo em relação à guerra da Ucrânia do que o próprio chanceler. Notando-se que enquanto Scholz diz sempre que a Ucrânia não pode perder a guerra, Pistorius afirma que a Ucrânia tem de ganhar.