Pedro Guerra: “Não tenho medo de Pinto da Costa”

Ex-director de conteúdos da BTV recusou prestar esclarecimentos em tribunal, deixando-os para o final do julgamento. No exterior, acusou FC Porto de perseguição.

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Pedro Guerra é comentador afecto ao Benfica TVI24/DR

Pedro Guerra rejeitou prestar declarações em tribunal esta segunda-feira, 27 de Fevereiro, no processo movido pelo FC Porto, pelo presidente do clube, Pinto da Costa, e pelo administrador Luís Gonçalves. “O que acabei de ouvir é inacreditável”, disse apenas o antigo responsável da Benfica TV (BTV) na sala de audiência, confrontado com a acusação de difamação no início da sessão. À saída do tribunal foi mais incisivo: “Tenho pena que o FC Porto me continue a perseguir. Não tenho medo de Pinto da Costa, quem não apareceu hoje foi ele.”

A manhã desta segunda-feira foi dedicada à inquirição de três testemunhas arroladas pela defesa de Pedro Guerra: o advogado Pedro Proença, o comentador de arbitragem da BTV António Rola e o intermediário – e arguido na Operação Malapata – César Boaventura.

O processo em causa visa declarações de Pedro Guerra proferidas em Agosto de 2018, durante uma emissão do programa desportivo Prolongamento. Pedro Guerra terá levantado a suspeição de que tinha sido por interferência directa dos "dragões" que Fábio Veríssimo, inicialmente nomeado para o jogo dos portistas contra o Belenenses, foi substituído por Carlos Xistra. A troca aconteceu devido à morte de um familiar directo do árbitro Fábio Veríssimo, com o FC Porto a avançar judicialmente contra o comentador.

As testemunhas ouvidas esta manhã repetiram o mesmo argumento: a crença de que se Pedro Guerra tivesse conhecimento das razões para a substituição do árbitro, não teria levantado essa suspeita.

“Nunca achei que o arguido [Pedro Guerra] dissesse as coisas por dizer. Tenho o Pedro como uma pessoa inteligente, não era uma pessoa de inventar. Foi levantada especulativamente a questão do árbitro, o arguido apelou à justificação. Saltar para a conclusão de que levantou suspeição é um salto exagerado”, referiu Pedro Proença, antigo colega de painel de Pedro Guerra no programa Prolongamento.

Antes disso, a testemunha tinha referido o carácter de “entretenimento” deste programa que, muitas das vezes, se sobrepunha às mensagens veiculadas. “Este programa era feito com lógica de captação de audiência. Era mais um programa de entretenimento do que de informação. Criar polémicas acesas: há noção de que é essa polémica que atrai o espectador. Não é tanto o conteúdo da mensagem, mas o espectáculo que se dá”.

Comum foi também a preparação minuciosa feita por Pedro Guerra para os programas: o comentador é conhecido por carregar pastas cheias de notícias, dados estatísticos e documentos para o estúdio.

Do outro lado, a mandatária do FC Porto, a advogada Inês Magalhães, relembrou que a razão para a substituição tinha sido avançada pelo Conselho de Arbitragem (CA) na manhã dessa segunda-feira, várias horas antes de o programa ser gravado em directo. E ainda que, no momento em que Pedro Guerra se retractou perante o CA e o árbitro Fábio Veríssimo, os portistas foram deixados à margem.

Pinto da Costa criticou ausência

Na última sessão deste processo, o presidente do FC Porto criticou a ausência de Pedro Guerra. O antigo responsável da BTV invocou problemas de saúde, mas, para o dirigente portista, essa foi a maneira do comentador “fugir ao tribunal”.

"Na última sessão estava doente, avisou o tribunal à meia-noite. Enviou um email à meia-noite a dizer que estava doente e, no dia seguinte, ou no próprio dia, apareceu na televisão a falar como se nada fosse. Hoje [segunda-feira] parece que não apareceu, mas doente não deve estar: há fotografias dele no sábado num jantar com o doutor Luís Filipe Menezes, em Lisboa. É lamentável. As pessoas têm de reconhecer os seus erros", afirmou o dirigente "azul e branco", em declarações ao Porto Canal.

Esta segunda-feira, Pedro Guerra deu a resposta ao dirigente portista. Acusando os “dragões” de perseguição, disse que “não tem medo” de Pinto da Costa, questionando, desta feita, a ausência do responsável “azul e branco”.

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