Álvaro aprende com Raúl e Ancelotti aproveita

Jovem avançado estreou-se a marcar pelo Real Madrid no derby com o Atlético. Nasceu na Catalunha, vive em Madrid e joga pelo Uruguai.

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Álvaro Rodríguez, avançado do Real Madrid EPA/JUANJO MARTIN

Equipas como o Real Madrid fazem sempre questão de terem os melhores avançados do mundo — na verdade, têm orgulho nisso. Só nos últimos tempos, os “merengues” contaram com Raúl González, Cristiano Ronaldo e Karim Benzema. O francês continua a ser a maior fonte de golos do clube (já marcou 341 desde que aterrou em Madrid, vindo de Lyon, em 2009), continua a ser um dos melhores do mundo, mas, aos 35 anos, não vai durar para sempre, e o Real vai querer dar continuidade à sua tradição de grandes avançados. Haaland, Mbappé, Lewandowski, nenhum parece, no entanto, estar ao alcance dos “blancos”. E se esse próximo grande avançado já lá estivesse?

É essa a esperança que rodeia Álvaro Rodríguez, jovem avançado da “cantera” madridista, e que se estreou neste sábado a marcar pela primeira equipa do Real, um golo que valeu um empate (1-1) no derby com o Atlético. Álvaro, um ponta-de-lança de 1,93m de altura, teve ordem de entrada por Carlo Ancelotti aos 77’ e, aos 85’, estava no sítio certo, ao segundo poste, para meter na baliza uma bola saída de um canto marcado por Luka Modric. Num jogo de gala em pleno Bernabéu, materializou-se o sonho de qualquer adepto de futebol: um “canterano” a marcar ao rival e a deixar a promessa de mais.

Foi apenas a terceira aparição de Álvaro Rodríguez na primeira equipa do Real, num total de 37 minutos, mas já foi o suficiente para deixar a sua marca: golo ao Atlético neste sábado, assistência para um golo de Asensio, há uma semana, num triunfo sobre o Osasuna. É o suficiente para lhe garantir um lugar a tempo inteiro entre os crescidos num futuro próximo, como garantiu Ancelotti após o derby — sendo que a continuidade de “Carletto” não é garantida, falando-se que já estará comprometido com a selecção brasileira.

“Na próxima temporada, o Álvaro estará no plantel da primeira equipa. A qualidade que ele tem, poucos a têm. A sua altura é importante, lida bem com a bola, é formidável de cabeça. A ideia é tê-lo com a primeira equipa. Esta temporada pode estar connosco e com o Castilla. Vamos coordenar com o Raúl”, garantiu o técnico italiano, como que a dizer que Álvaro ainda tem muito a aprender com o antigo 7 do Real, um dos melhores avançados da história do futebol espanhol.

Filho de futebolista

Álvaro Rodríguez tem o futebol no sangue. É filho de Coquito Rodríguez, antigo avançado internacional uruguaio e duplo vencedor da Copa Libertadores, com o Peñarol de Montevideo, nos anos 1980. Nasceu em Girona, na Catalunha, onde o pai se tinha fixado após terminar a carreira, e foi em clubes locais que começou a dar nas vistas. Diz-se que os olheiros do Barcelona o sinalizaram como potencial residente de La Masia, mas o gigante catalão não avançou. Quem não teve dúvidas foi o Real Madrid, que o “raptou” em 2020 para “La Fabrica”, em Valdebebas.

E é aqui que chega às mãos de Raúl González, que treina na formação do Real Madrid desde 2018. Primeiro, as qualidades de Álvaro entraram-lhe pelos olhos dentro. “Estava a ver um jogo dos juvenis B, vi um cruzamento e vi o Álvaro a rematar como há muito tempo não via ninguém da cantera a rematar. Mandei-o treinar comigo dois escalões acima, no Castilla, uma, duas semanas, e vi que não destoava. Fazia todas as coisas que eu imaginava que ele podia fazer. E fiquei com ele”, contou, citado pelo El País.

Álvaro foi conquistando o seu espaço no Castilla e começou a ser chamado às selecções jovens de Espanha, mas essa situação rapidamente mudou. Queria ser como o pai, internacional pelo Uruguai, e trocou de selecção. E foi pelos sub-20 uruguaios, no recente campeonato sul-americano da categoria, disputado na Bolívia, que o jovem captou a atenção do mundo do futebol — o Uruguai foi vice-campeão e o avançado “merengue” marcou cinco golos.

De volta a Valdebebas, Álvaro já estava sinalizado por Ancelotti e, com a falta de opções para a posição — depois de Benzema, há Mariano, que já não marca golos há mais de um ano —, o jovem entrou na rotação. Depois de se estrear com alguns minutos na Taça do Rei, fez a tal assistência para Asensio e, posteriormente, viajou com a equipa para Anfield — nesse jogo, não foi preciso entrar porque Vinícius e Benzema trataram do assunto.

Neste sábado, estreou-se a marcar, com 18 anos, não muito mais velho do que Raúl quando se estreou pelos “merengues”, em 1994, então pela mão de Jorge Valdano. Raúl também era um "canterano" que vinha do Castilla e o antigo avançado argentino deu-lhe a titularidade. Raúl ficou em branco, mas Valdano não desistiu dele. E Raúl não desistiu de si próprio. Na semana seguinte, estreava-se a marcar contra o Atlético Madrid e dava início à sua lenda. Talvez o dia 25 de Fevereiro de 2023 tenha sido o início de outra.

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