Benfica teve sangue, suor e sorrisos em Vizela
Houve vitória do Benfica, mas poderia ter havido empate - ou mesmo triunfo do Vizela. Numa bela partida de futebol, os “encarnados” regressam a Lisboa com a sensação de que sobreviveram a este jogo.
Foi 0-2, mas poderia ter sido 1-1. Ou 2-1. Ou 2-2. Ou 3-2. Ou 2-3. Ou mesmo 3-3. O Vizela-Benfica poderia ter acabado de diversas formas, mas acabaram por ser os “encarnados” a triunfarem no final de uma partida na qual a defesa mostrou sangue e suor – e só os postes, Odysseas e o desacerto vizelense salvaram o Benfica das lágrimas.
Apesar de um jogo muito difícil e do sofrimento que existiu, o triunfo do Benfica não pode ser tratado como casual e injusto. Os “encarnados” fizeram por vencer o jogo e foi João Mário quem garantiu, com dois golos, que a equipa vai manter, no mínimo, os cinco pontos de vantagem na liderança do campeonato.
No fim de contas, alguém estranha este desfecho? Ninguém. Alguém estranharia um empate? Também dificilmente alguém o faria. E mesmo um triunfo do Vizela não seria chocante. Foi, em suma, um belo jogo de futebol.
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Transições, transições, transições
Antes do jogo, em busca de tendências relevantes sobre as equipas, fomos dar com uma estatística do Who Scored que aponta que o Vizela é a equipa da I Liga que menos tempo passa no terço central do campo. Uma trivialidade que não tinha, por si só, um significado claro – ou, pelo menos, que permitisse concluir categoricamente o que quer que fosse.
Mas o jogo acabou por explicar esse dado estatístico. O Vizela foi uma equipa que alternou entre momentos de uma tremenda audácia na pressão à primeira fase de construção do Benfica com momentos de uma defesa bastante baixa.
Possivelmente numa tentativa de surpreender o Benfica com momentos de pressão alta repentina, o Vizela acabou por deixar o jogo partir-se – a tal tendência para não passar muito tempo no terço central do terreno.
Foi, por isso, um jogo muito interessante de seguir. Houve espaço para jogar e constantes contra-ataques.
O Benfica, que surgiu sem Rafa, também teve uma particularidade interessante. Apesar de terem Aursnes no meio-campo, com Florentino, os “encarnados” foram mais permeáveis a transições – a indicação, nada paradoxal, de que ter um jogador defensivo em zonas ofensivas (como tem acontecido com o norueguês) pode ser mais útil sem bola do que tê-lo em zona mais recuada.
Nessa medida, o Benfica pareceu ter João Mário, Neres, Guedes e Ramos numa “equipa diferente” dos restantes jogadores e sofreu com isso.
Os lisboetas tiveram lances perigosos de contra-ataque aos 15’ e aos 26’ e o Vizela teve aos 18’, 25’ e 35’ – Buntic e Odysseas salvaram grandes oportunidades de golo.
Aos 38’, num dos tais momentos em que teve pouco pudor a levar jogadores para o ataque, o Vizela ficou exposto a outra transição “encarnada”. Guedes conduziu inicialmente, Neres definiu a jogada e João Mário respondeu a um cruzamento atrasado com um remate na passada – 18.º golo na temporada.
Aursnes para “colar” a equipa
É certo que o Benfica estava mais ofensivo, mas o Vizela até tinha tido os lances mais evidentes de golo. No balanço, o 0-1 até poderia ser considerado pesado para aquilo que a equipa de Tulipa tinha feito. Ou mesmo injusto.
Duas bolas consecutivas no poste ??#sporttvportugal #LIGAnaSPORTTV #ligaportugalbwin #Vizela #Benfica pic.twitter.com/4GdDUSQL0v
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O Vizela voltou a estar perto do golo aos 51’ e 53’ (num dos lances até se pediu pontapé de penálti) e Roger Schmidt quis trancar a equipa. Lançou Chiquinho, tirou Guedes e voltou a colocar Aursnes numa zona mais avançada.
A ideia não teve efeito imediato. Aos 65’, o Vizela voltou a estar perto do golo – num contra-ataque, claro, mesmo já com o Benfica teoricamente mais precavido. Nessa jogada, Osmajic cabeceou à trave e Bondoso, na recarga, acertou no poste.
O trabalho de Florentino, Chiquinho e Aursnes (que falhou muitos passes nesta noite) acabou por serenar a equipa, que se tornou menos permeável.
É certo que nunca pareceu capaz de “matar” o jogo, mas o Benfica conseguiu estar menos exposto ao perigo. E, depois de ter sofrido o que sofreu, era só isso que interessava ao líder da I Liga.
Só aos 90+5' tudo acalmou para o Benfica, com João Mário a converter um penálti quando o Vizela já jogava com 10 (expulsão de Anderson por duplo amarelo).