Finlândia impede russos de comprar lar de idosos próximo de base militar

Proposta de três russos para comprar lar de idoso militar levantou suspeitas. A proximidade da propriedade a uma base militar finlandesa levou o Ministério da Defesa finlandês a intervir.

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Finlândia partilha com a Rússia uma fronteira terrestre de 1340 quilómetros Reuters/STAFF

O Ministério da Defesa finlandês impediu que três cidadãos russos comprassem um antigo lar de idosos à primeira vista inócuo, não fosse uma questão: o imóvel fica perto da Guarnição Niinisalo, um centro de treino militar finlandês.

O interesse dos russos na compra levantou suspeitas desde o início. O trio dirigiu-se em Outubro à cidade finlandesa de Imatra, no sudeste do país, bem próxima da fronteira com a Rússia, e submeteu os documentos necessários para iniciar o processo de aquisição de um lar de idosos em Kankaanpää, uma localidade no sudoeste finlandês, a mais de 400 quilómetros de distância. A finalidade da compra, segundo a documentação era para “fins de lazer ou recreativos”.

Os três indicaram o mesmo contacto de e-mail e morada, um apartamento em São Petersburgo, segundo refere o Politico, que esta quinta-feira noticiou a situação.

As autoridades finlandesas franziram o sobrolho e acabaram por negar a compra. A rejeição foi anunciada em Dezembro pelo Ministério da Defesa finlandês, assinada pelo próprio ministro da Defesa, Antti Kaikkonen. No entender de Helsínquia, a cidade de Kankaanpää e as propriedades desse município “desempenham um papel especial na garantia das condições de funcionamento da defesa nacional”.

O receio do ministério, segundo o comunicado era de que a antiga residência sénior Lohikko, localizada “nas imediações” de Niinisalo, pudesse ser utilizada “de forma a dificultar a organização da defesa nacional e a salvaguarda da integridade territorial” da Finlândia. Por outras palavras, colocar terrenos próximos de bases militares nas mãos dos russos podia ir contra o interesse nacional finlandês.

Mais ainda, o ministério considerou que a finalidade que foi comunicada pelos compradores russos não era “credível”, tendo estes alterado a utilização pretendida várias vezes, quando confrontados com questões adicionais colocadas pelas autoridades finlandesas.

Os compradores acabaram por não responder a um e-mail enviado a propósito da rejeição, à qual teriam 30 dias para recorrer. Até 9 de Fevereiro, não tinha sido estabelecido qualquer novo contacto, segundo o Politico.

O episódio é demonstrativo da atitude de Helsínquia perante o país vizinho. A Finlândia até foi o último Estado-membro da UE a aplicar restrições severas à entrada de russos, encerrando apenas em Outubro a fronteira de 1340 quilómetros a cidadãos russos com vistos de turismo para entrarem ou atravessarem o país, excepto para visitar familiares, trabalhar ou estudar.

No entanto, desde o início da invasão russa à Ucrânia que os finlandeses têm vindo a afastar-se de Moscovo e da política de neutralidade e cooperação económica. Exemplo disso é a candidatura finlandesa à NATO, que continua dependente da Turquia.

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