Melhor pastel do mundo? O de Belém. E depois o pastel de nata
Os sábios da TasteAtlas decidiram que este pastel português é tão bom que merece ter o de Belém em n.º1 e o de nata em n.º2. O top 25 fecha com a bola-de-berlim; o top 100 tem Travesseiros de Sintra.
A TasteAtlas, uma "enciclopédia de sabores, um mapa-múndi de pratos tradicionais, ingredientes locais e restaurantes autênticos", tornou-se uma das mais influentes plataformas gastronómicas mundiais, permitindo aos utilizadores pontuar, opinar e sugerir as suas preferências. Portugal é território frequente nos seus tops, e ainda recentemente os queijos portugueses andaram nas bocas do mundo. Agora, numa actualização recente, a lista de melhor pastelaria à volta do mundo dá vitória total e absoluta a um, ou melhor dizendo, dois monumentos doces portugueses: sem misericórdia, o n.º 1 é o famoso Pastel de Belém e, uma trinca abaixo, em n.º2, o famoso Pastel de Nata.
Aqui chegados, uma boa parte dos portugueses não conseguirá deixar de lançar o habitual "Mas o pastel de Belém e o pastel de nata não são a mesma coisa?". Resposta: não existe resposta. Pelo menos oficial. "O que fazemos aqui não é um pastel de nata. É por isso que nunca entrámos no concurso para o melhor pastel de nata", já dizia o gerente da histórica Pastéis de Belém, Miguel Clarinha, à Fugas há uma boa década. É uma polémica de conversa de pastelaria que é já uma tradição e que fica sempre bem, especialmente se polvilhada de açúcar e canela — e aqui está mais uma boa polémica em redor das natas...
Facto é que os gastrónomos e turistas do TasteAtlas elegeram Belém para n.º1 e Nata em geral para n.º2.
Do primeiro, que obtém a quase perfeita pontuação de 4,9 (/5) dos utilizadores, diz-se ao mundo que é um pastel tradicional de Portugal e "antecessor do famoso pastel de nata". Como faz parte da lenda, a receita do Pastel de Belém (desde 1837) é guardada a sete chaves. Mas o site adianta "ovos, leite, açúcar, limão, canela". E mais nada lhe acrescenta, tirando a referência aos pais da receita, os monges do Mosteiro dos Jerónimos. E, claro, "apenas os pastéis produzidos na Fábrica Pastéis de Belém podem ser chamados Pastéis de Belém". Os "outros" são todos Pastéis de Nata.
O que calha bem, porque o n.º2 da lista é precisamente dedicado aos "outros". Com indicação geográfica de Lisboa, o Pastel de Nata é vice-rei do mundo da pastelaria e a casa mais bem cotada pelos turistas é a versão da Manteigaria. O doce surge com a pontuação geral de 4,8 — 0,1 abaixo de Belém. As referências textuais são naturalmente semelhantes, indicando-se que "é popular em todo o mundo". Ao mundo, proclama-se que "se considera que, para um melhor resultado, o recheio não deve ser demasiado doce e não deve ter sabores de limão ou baunilha". Em vez disso, é polvilhar o pastel "com canela e, idealmente, emparelhar com uma chávena de café".
Detalhe curioso de dúvidas de génese editoriais: se o Pastel de Belém é dado como de origem nos monges dos Jerónimos, já o pastel de nata é atribuído também às "freiras de Santa Maria de Belém".
Com os pastéis lusos em 1 e 2, a lista de ouro de qualidade pasteleira da TasteAtlas integra por ordem de votação em matéria de qualidade a Focaccia di Recco col formaggio da Itália, Kanelbulle da Suécia, Banitsa com queijo da Bulgária, Gaziantep baklavası da Turquia, Croissant de França, Kunāfah do Egipto, Bougatsa e Trigona panoramatos da Grécia. Sublinhe-se que, sem margem para dúvidas, apenas com base na popularidade, o croissant é o rei, seguido dos donuts (pastel de nata é 23, pastel de Belém 36.º).
Neste top da qualidade pasteleira, actualizado há uma semana, encontram-se ainda, de Portugal, a bola-de-berlim num honroso 25.º lugar (com Zé Natário de Viana como local ideal para comê-la).
Outras estrelas lusas na lista
- Travesseiros de Sintra em 95.º (seguir para a Piriquita, dizem)
- Malassadas (filhós) dos Açores em 103.º (curiosamente, nova polémica, o local "mais icónico" para comê-las, diz o TasteAtlas é... em Honolulu, Havai, EUA, Leonard's Bakery)
- Queijadas de Sintra em 105.º (Piriquita)
- Pastel de Chaves em 108.º (A Lojas dos Pastéis de Chaves)
- Pastel de Tentúgal em 111º (O Afonso de Tentúgal)