Nadasha e Sovietlana fazem o aquecimento antes de entrarem em prova. São duas atletas em aberta competição entre si, prestes a iniciarem provas nos quatro aparelhos do all-around da ginástica artística feminina — mesa de saltos, paralelas assimétricas, trave e solo. Enquanto aquecem e acordam a memória muscular para os exercícios que se seguirão e que treinaram à minúcia durante meses para rasarem uma execução perfeita, preparam-se também a nível mental e emocional para o possível falhanço. Num misto de elogio mútuo e dedo apontado às vantagens que cada uma traz consigo, tentam amortecer antecipadamente a queda daquela que não vencer. Porque se Sovietlana teve mais fibras na sua alimentação, Nadashian comeu mais peixe fresco na idade de crescimento; se uma foi amamentada durante um período maior devido a uma licença de maternidade mais generosa, a outra abasteceu-se da energia do leite em pó; se uma tem mais maillots, a outra tem cultura desportiva; se uma tem os ballets clássicos, a outra tem remisturas de Beyoncé ou Britney Spears. E tudo isto, claro, pode justificar as décimas com que uma acabará por superar a outra.