A Fundação de Serralves, no Porto, está a promover um projecto de recolha de testemunhos pessoais, a propósito do centésimo aniversário do seu parque, que se celebra este ano. Fotografias, cartas, memórias… A instituição cultural está em busca de todos estes elementos, que tratará de compilar num site, em exposições (tanto uma digital como uma física) e também num livro.
“Queremos que as pessoas celebrem connosco a nossa história”, afirma ao PÚBLICO Helena Freitas. A directora do Parque de Serralves destaca, num 2023 que incluirá vários momentos ligados aos 100 anos deste espaço, duas datas: 21 e 22 de Abril. Nestes dias, “o parque abrirá as portas”, para convidar as pessoas a partilharem as lembranças (físicas e mentais) que guardam do espaço.
Serão dois dias simbólicos, mas a partilha pode ser feita ao longo do ano, através de um endereço de correio electrónico criado especificamente para o efeito (memorias@serralves.pt).
O projecto de recolha de testemunhos, que foi apresentado à comunicação social esta sexta-feira, inclui também três “encontros de memórias”, um dos quais desafiará escritores e outros artistas a conversarem sobre as suas “memórias artísticas e literárias” do Parque de Serralves. Está marcado para 17 de Março e será o segundo destes eventos de entrada livre.
O primeiro acontece já na próxima sexta-feira, 3 de Março — o tema é “aprender e viver com o parque” —, e o último está marcado para 30 de Março, dia em que “entidades que convivem com Serralves” (não só entidades ligadas ao poder local e à comunicação social, como diferentes instituições culturais, associações e empresas) conversarão sobre “o parque e a cidade” do Porto.
No fim de Maio, Serralves deverá começar a partilhar as memórias recolhidas. No dia 25 desse mês, a instituição cultural apresentará numa conferência (e, também, publicará no site que está a criar para assinalar o centenário do parque) as entrevistas por si realizadas a diferentes intervenientes — entre responsáveis pela gestão do parque, colaboradores da fundação, visitantes habituais e demais “protagonistas de referência”.
Poucas semanas depois, a 15 de Junho, será inaugurada uma exposição digital. Quatro meses depois dessa data (17 de Outubro), passará a haver uma física.
Escavar memórias nos arquivos
Estas mostras procurarão juntar elementos representativos daquele que é o “património do parque”, descreve a sua directora, afirmando que tanto poderão ser incluídos objectos partilhados com a fundação pelo público como materiais presentes em arquivos.
Helena Freitas refere que a Fundação de Serralves já está a fazer esse trabalho de escavação para recolher elementos que ajudem a contar a história dos 100 anos do parque. “Temos vários arquivos: de Serralves, da própria cidade… Inúmeros arquivos fantásticos”, diz.
O livro que resultará da recolha de memórias (e que se chamará simplesmente Parque de Serralves: 100 anos de História) será apresentado a 18 de Novembro.
A Fundação de Serralves, para realizar esta recolha de testemunhos, está a contar com a ajuda e coordenação de Maria Fernanda Rollo, historiadora e professora universitária que é também uma das responsáveis pelo Memória para Todos, projecto de ciência cidadã que, também seguindo uma lógica de auscultação das comunidades, “promove o estudo e a organização e disseminação do património histórico, cultural e tecnológico de Portugal”, pode ler-se no seu site.
No entender de Maria Fernanda Rollo, não fazia sentido nem sequer seria possível contar a história do Parque de Serralves sem ouvir “as pessoas que ajudam a vivê-lo, a transformá-lo, a compreendê-lo”. A historiadora deixa o repto ao público: “Por favor, venham visitar, revisitar Serralves nos dias 21 e 22 de Abril. Partilhem connosco as vossas memórias.”
Num ano que ficará marcado por várias datas dedicadas à celebração do centenário, o parque não deixará de acolher outros eventos inseridos na programação da Fundação de Serralves. Um destes eventos é o Serralves em Festa (2 a 4 de Junho), evento de entrada livre que oferece 50 horas ininterruptas de eventos culturais e que regressará após uma interrupção de três anos.