Recorrendo a um método semelhante à contagem de anéis anuais nas árvores, a investigação dinamarquesa pretendia perceber a esperança de vida e a mortalidade desta espécie. Ao fazê-lo encontrou os três ouriços-cacheiros mais antigos do mundo, que morreram com 11, 13 e 16 anos. Numa investigação anterior, a idade máxima registada tinha sido de nove anos.
As populações de ouriços-cacheiros europeus (Erinaceus europaeus) estão em declínio em vários países da Europa Ocidental. Por isso, surge a necessidade de acompanhar e compreender as oscilações populacionais destes animais, avisa um artigo publicado na revista Animals.
A investigação contou com a ajuda de um projecto de ciência cidadã, chamado “The Danish Hedgehog Project”, com aproximadamente 400 voluntários de toda a Dinamarca que, durante os meses de Maio a Dezembro de 2016, recolheram 697 ouriços mortos. As amostras eram diversificadas e permitiram uma excelente representação geográfica. O projecto foi liderado por Sophie Lund Rasmussen, investigadora nas universidades de Oxford e de Aalborg.
Suspeita-se, adianta o artigo, que a quebra na população desta espécie esteja relacionada com “a perda e fragmentação do habitat, a endogamia, a intensificação de práticas de agricultura, atropelamentos, uma diminuição de biodiversidade e de potenciais ninhos em jardins residenciais, acidentes antropogénicos relacionados com ferramentas de jardinagem, intoxicação e ataques de texugos”.
Dos quase 700 ouriços recolhidos, foi determinada a idade de 288, recorrendo a um método onde se contam as linhas de crescimento do periósteo, parecido com o usado nas árvores. Estas linhas surgem no periósteo dos ossos porque, durante a hibernação, o crescimento ósseo dos ouriços reduz significativamente e pode chegar mesmo a parar.
Com estas informações, os investigadores Sophie Lund Rasmussen, Thomas B.Berg, Helle Jakobe Martens e Owen R. Jones puderam construir tabelas de esperança de vida, onde “as fêmeas contam com 2,1 anos e os machos com 2,6”. Descobriram também que os ouriços masculinos “eram mais susceptíveis de terem morrido na sequência de acidentes e atropelamentos do que as fêmeas”, acrescentando ainda que estas mortes “atingiram o seu auge em Julho para ambos os sexos”.
(texto editado por Andrea Cunha Freitas)