Professores: líder do Bloco acusa Governo de não andar “um milímetro” nas negociações

A coordenadora do Bloco alertou que a crise habitacional contribui para os problemas na educação, afectando particularmente os professores deslocados.

Foto
Uma delegação do Bloco de Esquerda foi recebida esta quarta-feira pelo Presidente da República LUSA/TIAGO PETINGA

Catarina Martins considerou esta quarta-feira que o Governo não avançou "um milímetro" nas negociações com os professores e acusou o executivo de "intransigência". Sobre o programa de medidas para travar a crise habitacional apresentado na semana passada, referiu que "nada vai mudar" e censurou o Governo por "querer calar a contestação" à volta do mesmo.

A líder do Bloco de Esquerda (BE) falava à saída de uma audiência com o Presidente da República, que foi marcada ainda antes de ter anunciado que deixaria a coordenação do partido, mas que "possivelmente será a última enquanto coordenadora", como assumiu em declarações aos jornalistas.

No encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, a delegação do BE, que contou com a presença do dirigente Jorge Costa, transmitiu a sua "enorme preocupação" com a situação nas escolas e "o facto de o Governo não ter andado um milímetro para ter uma negociação que os professores possam levar a sério", declarou Catarina Martins, acrescentando que "não se percebe o impasse" nem a "intransigência" do ministro da Educação nas negociações com os docentes.

A reunião serviu ainda para abordar o tema da habitação, com a coordenadora do Bloco a considerar que o executivo "não concretiza nenhuma medida" das várias propostas que apresentou após o Conselho de Ministros de 16 de Fevereiro. "Os próprios proprietários que, num primeiro momento, disseram que as medidas eram de uma grande revolução já vieram dizer que as medidas são uma mão cheia de nada", disse Catarina Martins. "Nada vai mudar com os anúncios do Governo."

Alertando que a "crise da habitação", uma "crise forte que abala todas as condições da nossa sociedade", "é um dos maiores problemas do país", declarou que "já afecta todas as esferas", exceptuando os "super-ricos", e lembrou que "os problemas na educação também são criados pelos problemas na habitação".

Catarina Martins acusou ainda o executivo de retirar "credibilidade à ideia democrática de discutir propostas" com o pacote legislativo que apresentou e que, diz, não responde às necessidades da população: as pessoas não querem "caridade", mas "uma economia minimamente regulada", defendeu.

"O Governo parece querer calar a contestação, não percebendo que a contestação não é sobre o Governo, é sobre as propostas concretas", atirou ainda.

Desafiada pelos jornalistas a fazer um balanço sobre a relação entre o Presidente e o Bloco de Esquerda, Catarina Martins afirmou que olham "para o mundo de forma muito diferente", mas que tiveram "uma relação institucional que correu da melhor forma ao longo destes anos".

Na semana passada, sobre a saída de Catarina Martins da liderança bloquista, Marcelo Rebelo de Sousa notou que “faz parte da vida da democracia os partidos mudarem”, em especial numa “situação completamente nova nos últimos anos” – a maioria absoluta do PS.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários