PCP defende que imigrantes “são muito bem-vindos” a Portugal
Secretário-geral comunista considera que declarações à direita sobre imigração são “infelizes”.
O secretário-geral do PCP defendeu nesta segunda-feira que os imigrantes “são muito bem-vindos” a Portugal, salientando que há sectores da economia que não funcionariam sem o seu contributo, e aproveitando para criticar “declarações infelizes” à direita sobre o assunto.
Paulo Raimundo foi questionado pelos jornalistas na sede nacional do PCP, após um encontro com uma delegação do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), sobre o debate que tem havido entre os partidos de direita relativo à imigração e ao objectivo do Governo de integrar 150 mil imigrantes em situação irregular.
“Eu acho que há uma questão que é objectiva: os imigrantes que estão no nosso país são muito bem-vindos, trabalham todos os dias – ou, pelo menos, procuram fazer por isso –, e tenho ideia de que há um conjunto muito significativo de sectores na nossa economia que não funcionaria sem os imigrantes que cá estão. Portanto, são bem-vindos”, respondeu Paulo Raimundo.
Para o líder comunista, Portugal ganha “com os imigrantes cá, com a sua valorização, com o seu papel e o seu contributo” e “com os seus direitos”. “Tudo o resto, essa polémica entre direitas, é só para eles se alimentarem uns aos outros e, portanto, passam ao lado da questão fundamental, que é os direitos dos trabalhadores, sejam eles imigrantes ou não, no nosso país”, sublinhou.
Paulo Raimundo reforçou que o debate à direita é “mais umas tricas que se arranjaram a partir de declarações infelizes” – em referência às posições assumidas pelo líder do PSD, Luís Montenegro, e pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas –, mas que, “do ponto de vista das pessoas, não muda nada”.
Interrogado sobre como é que vê a decisão do Governo de atribuir de forma automática aos imigrantes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) uma autorização de residência com a duração de um ano, Paulo Raimundo salientou que essa medida já “estava prevista” e “não houve nenhuma novidade”.
“Era uma medida que estava prevista e acho que facilita [a vida] das pessoas, naturalmente. Nós conhecemos essas filas intermináveis, esses meses de espera às vezes intermináveis que não se justificam. Portanto, é com bons olhos que se vê essa situação”, salientou.
Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi ainda questionado sobre o pacote de medidas para a habitação apresentado pelo Governo, e reiterou que “passa ao lado dos problemas fundamentais”. “Podemos dizer que há uma ideia de médio, longo prazo, mas os problemas das pessoas não se resolvem no médio, longo prazo. O caminho é importante, mas é preciso atacar agora”, frisou.
O secretário-geral do PCP destacou que, no pacote de medidas para a habitação, o Governo deixou intocada a “lei dos despejos, a lei Cristas”, assim como os “lucros, comissões, taxas e taxinhas” dos bancos.
“Há coisas que têm de ser resolvidas hoje: o significado que tem o aumento das taxas de juro nas prestações das pessoas todos os dias não é um problema para se resolver daqui a 30, 20 ou 15 anos. É para se resolver hoje, e foi isso que o Governo passou ao lado”, criticou.
No dia em que celebra 100 dias enquanto secretário-geral do PCP, já tendo percorrido 17 dos 18 distritos do continente, Paulo Raimundo salientou que, nessas deslocações, tem tido a oportunidade de entrar em contacto com “um conjunto muito diverso de sectores”, como trabalhadores, reformados, pequenos e médios empresários ou agricultores.
“Podemos dizer que são 100 dias de muita informação, de muito contributo, mas também de reafirmação de soluções para resolver o problema das pessoas, nomeadamente nas questões da habitação, mas também do preço dos bens essenciais, na questão fundamental que é o aumento dos salários”, frisou.