Paulo Raimundo: disparidades salariais entre homens e mulheres “têm de acabar”

O secretário-geral comunista considera que as mulheres são “duplamente penalizadas” pela actual situação económica.

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Paulo Raimundo recebeu na manhã desta segunda-feira uma delegação do Movimento Democrático de Mulheres LUSA/MIGUEL A. LOPES

O secretário-geral do PCP advertiu esta segunda-feira que as mulheres são “duplamente penalizadas” pela actual situação económica e social, defendendo que os seus problemas “têm de se resolver de imediato” e as disparidades salariais “têm de acabar”.

Em declarações aos jornalistas na sede nacional do PCP, após um encontro com uma delegação da associação Movimento Democrático de Mulheres (MDM), Paulo Raimundo destacou que a actual situação económica e social tem uma "incidência particular" sobre as mulheres, que são “duplamente penalizadas”.

“Todos os problemas do ponto de vista social, económico, que o país enfrenta, têm incidência transversal, mas têm incidência particular na mulher, com um papel muito destacado no que diz respeito à mulher trabalhadora, desde logo nos seus salários, nas suas condições de trabalho, na dupla jornada que muitas vezes têm de desenvolver. Esse é um elemento fundamental”, defendeu.

Neste âmbito, Paulo Raimundo considerou de “grande actualidade” a ideia segundo a qual medidas transversais, que têm impacto “na vida de todas as pessoas”, terão um impacto particular nas mulheres, designadamente no que diz respeito “ao aumento geral dos salários”.

“Nós temos uma situação em que a mulher ganha menos do que o homem, trabalhando o mesmo, no mesmo local, o mesmo período, e é uma questão que tem de acabar”, defendeu Paulo Raimundo.

Dirigindo-se assim à delegação do MDM, Paulo Raimundo agradeceu-lhes por terem trazido um “conjunto útil de informação” forneceram ao PCP, que permite ao partido “aprofundar” o seu conhecimento sobre o assunto.

“Há um diagnóstico que partilhamos, um conjunto de propostas e ideias que partilhamos. (…) Nós não temos um problema de lei, temos um problema de tradução da lei na vida de todos os dias, e associamo-nos ao lema [do MDM] das ‘mil razões que as mulheres têm para lutar’ e que os problemas das mulheres têm que se resolver de imediato, não se pode esperar”, salientou.

Por sua vez, a dirigente do MDM Sandra Benfica considerou que o PCP “pode dar uma ajuda muito grande àquilo que é a qualidade de vida e respeito pelos direitos das mulheres" em Portugal. “Enquanto movimento, viemos transmitir muitas das preocupações que temos relativamente às condições de vida e de trabalho das mulheres, de todas as mulheres que vivem, que estudam e que trabalham no nosso país”, frisou.

A dirigente do MDM destacou que as “mulheres sabem qual é a sua situação, mas não estão adormecidas, não estão conformadas àquilo que é a sua situação”.

Nesse âmbito, Sandra Benfica destacou que o MDM vai organizar uma manifestação no Porto, em 4 de Março, e outra em Lisboa, em 11 de Março, no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher, que se assinala em 8 de Março.

“O MDM voltará à rua, tem um lema este ano que expressa aquilo que é a nossa opinião relativamente ao problema das mulheres: nós temos ‘mil razões para lutar’, temos mil razões para defender os nossos direitos porque, em boa verdade, os direitos das mulheres não podem ser sempre aqueles que são sacrificados, e os direitos das mulheres não podem esperar”, sustentou.

Sandra Benfica disse que, nessas manifestações, irão convergir “largos sectores de mulheres, na sua diversidade”, com o objectivo de “exigir soluções para os problemas” que enfrentam na sociedade portuguesa.

As mulheres estão a viver neste momento a degradação diária das suas condições de vida, com o desrespeito completo pelo seu estatuto e pelo papel que têm na sociedade portuguesa. (…) Não há desenvolvimento não contando com aquilo que é o trabalho e o contributo que as mulheres dão. Não há avanço no país”, defendeu.

Questionado se o PCP se vai associar a estas manifestações, Paulo Raimundo foi omisso, respondendo que o seu partido “está todos os dias nesta luta, que é uma luta de todos os dias”. “Naturalmente que o 8 de Março é, do ponto de vista histórico, determinante. Portanto, estaremos no dia 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, mas também no dia 9 e dia 10, e nos dias que se seguem”, salientou.