Benfica continuou a forçar até derrubar a muralha do Boavista
Líder da Liga repôs os cinco pontos de vantagem sobre o FC Porto, graças a um triunfo apertado na 21.ª jornada. Um 3-1 que foi uma diferença escassa para a história do jogo.
Um jogo de um sentido só resolvido somente nos últimos minutos. O Boavista usou as armas que pôde para evitar a derrota no Estádio da Luz e não esteve longe de o conseguir. Só não aconteceu porque o Benfica acreditou sempre que o domínio e gritante superioridade que demonstrou se traduziriam em golos. E eles chegaram, um 3-1 que até pode saber a pouco face ao caudal de ocasiões criadas mas que permite manter a liderança da Liga, à 21.ª jornada, com cinco pontos de vantagem sobre o segundo.
O Boavista de Petit junta duas dimensões importantes do jogo: a física, mostrando grande capacidade para os duelos e para a redução de espaços, e a organizativa, com boa articulação entre sectores e entreajuda permanente para compensar os desequilíbrios individuais. Sem bola, é um adversário difícil de contrariar, porque tem tanto de voluntarioso como de rigoroso.
Alternando entre o 4x3x3 e o 4x1x4x1, em função do posicionamento dos extremos (Agra e Mangas), os “axadrezados” fecharam bem o espaço interior e impediram as habituais combinações curtas do Benfica pelo corredor central. Sempre que a bola entrava à esquerda, a colaboração entre lateral, extremo e médio interior direito bastava para dificultar a vida a Grimaldo e Aursnes.
Os “encarnados”, que até entraram em alta rotação e assustaram numa recuperação alta de Rafa, viram a produção ofensiva reduzida a dois lances de verdadeiro perigo no primeiro tempo, ambos por Gonçalo Ramos: aos 25’, o avançado emendou para fora um cruzamento da esquerda, ao primeiro poste: aos 45+1’, de cabeça, proporcionou uma defesa de recurso a Bracali, sobre a linha.
Sem Alexander Bah (castigado) e com Gilberto demasiado errático no capítulo do passe, o Benfica pouco ou nada aproveitava no corredor direito e precisava dessa rota para diversificar o ataque ao último reduto boavisteiro.
Ao intervalo, Roger Schmidt lançou Neres para o lugar de Florentino para dar mais largura ao ataque, baixando Aursnes para o lado de Chiquinho. E o Benfica reentrou a todo o vapor, com Aursnes, Rafa, Neres e Gonçalo a ameaçarem o golo, também fruto de uma reacção mais agressiva à perda da bola, limitando o adversário aos últimos 30 metros do terreno.
A torrente de oportunidades fazia antever o 1-0 e, após mais uma defesa felina de Bracali a cabeceamento de Ramos, foi o improvável Gilberto a marcar, na recarga, aos 55’. Nesse lance, o Benfica cercou a área adversária e, a jogar à largura, escolheu a solução que lhe permitiu colocar mais jogadores na carreira de tiro.
Só que o Boavista, que até então mal tinha chegado à área contrária e não somava qualquer remate, só precisou de um para empatar. Cruzamento da esquerda e finalização de primeira, à meia-volta, de Yusupha, no centro da área.
O Benfica continuava a precisar de fazer pela vida e, passado um período de algum desnorte, retomou o ritmo e a presença na área boavisteira. Aos 70’, o VAR ajudou o árbitro a descortinar um penálti sobre Rafa que João Mário desaproveitou — mérito de Bracali, que adivinhou o lado. Depois foram Neres e Gonçalo Guedes (que entretanto rendeu Rafa) a testar a atenção do guarda-redes, que já não resistiu a uma jogada brilhante de Gonçalo Ramos, aos 82’, concluída com um remate cirúrgico.
A muralha “axadrezada” voltava a ceder e, desta vez, já não se recomporia. Porque António Silva foi providencial num corte de carrinho, aos 90', e porque Petar Musa encontrou, frente à ex-equipa, a eficácia na finalização que lhe tem faltado ao longo da época, cabeceando para o 3-1, aos 90+3'. Xeque-mate.