Nações discutem tratado dos oceanos em Nova Iorque. Será que é desta?

Em Agosto de 2022, uma ronda de conversações sobre o novo tratado das Nações Unidas para a conservação dos oceanos foi suspensa, com países incapazes de chegar a um acordo sobre o financiamento.

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Os recursos genéticos e a questão das finanças serão questões decisivas no encontro de Nova Iorque Nuno Alexandre

Delegações de centenas de países vão estar reunidas esta semana em Nova Iorque, numa tentativa de elaborar um novo tratado de protecção dos oceanos, juridicamente vinculativo, que os grupos verdes acreditam que irá decidir se os esforços para salvaguardar a biodiversidade global podem ser bem-sucedidos. O encontro vai durar até 3 de Março.

Em Agosto de 2022, uma ronda de conversações sobre o novo tratado das Nações Unidas para a conservação dos oceanos foi suspensa, com países incapazes de chegar a um acordo sobre o financiamento. A partilha das receitas dos "recursos genéticos marinhos" e o estabelecimento de regras de avaliação do impacto ambiental dos oceanos para o desenvolvimento foram também pontos de grande controvérsia.

Peritos familiarizados com as negociações afirmaram que as principais partes se aproximaram agora em questões-chave à medida que se iniciavam novas conversações, embora ainda se procurassem compromissos. "Parece haver agora uma vontade para realmente finalizar o tratado", disse Jessica Battle, especialista em oceanos do Fundo Mundial para a Natureza.

"Há vários países que parecem dispostos a fazer algumas concessões, mas no fim de contas o que é realmente importante é que o tratado não seja demasiado diluído", avisa Jessica Battle, observando que uma tentativa de excluir a pesca do tratado já foi derrotada.

O sucesso das conversações, que só deverão acabar a 3 de Março, ainda "depende da questão financeira", refere Li Shuo, conselheiro político global da Greenpeace, e a China está preparada para ser um actor importante nas negociações, especialmente quando se trata de trazer outras nações em desenvolvimento a bordo.

Objectivo 30x30

Segundo a Greenpeace, 11 milhões de quilómetros quadrados (4,25 milhões de milhas quadradas) de oceano devem ser protegidos todos os anos até ao final da década, se se pretende atingir o objectivo de proteger 30% da terra e do mar do mundo até 2030 - conhecido como "30 por 30".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China afirmou numa declaração que estava a trabalhar arduamente para alcançar "um acordo de alta qualidade que tenha em conta a conservação e a utilização sustentável e que possa ser geralmente aceite pela comunidade internacional".

Como partilhar as receitas do desenvolvimento industrial oceânico, incluindo a utilização de recursos genéticos marinhos em produtos farmacêuticos e outras indústrias, será também um factor crucial para a China, que já alberga seis das 10 maiores empresas mundiais que gerem frotas de pesca em alto mar.

"Os recursos genéticos e a questão das finanças serão questões decisivas", conclui Li Shuo, da Greenpeace.