Von der Leyen favorável a compras militares conjuntas para acelerar fabrico de armas
Presidente da Comissão Europeia quer ajudar a indústria de defesa a “investir em linhas de produção” para acelerar a entrega de armas à Ucrânia. O plano foi proposto pela primeira-ministra da Estónia.
- Em directo. Siga os últimos desenvolvimentos sobre a guerra na Ucrânia
- Guia visual: mapas, vídeos e imagens que explicam a guerra
- Especial: Guerra na Ucrânia
Tal como aconteceu com a aquisição das vacinas contra a covid-19, a União Europeia poderá vir a estabelecer mecanismos para a compra conjunta de armas e munições de modo a garantir um fornecimento, em quantidade e rapidez, à Ucrânia. A presidente da Comissão Europeia mencionou a ideia este sábado na Conferência de Segurança de Munique.
“Podemos pensar, por exemplo, em programas antecipados de aquisição, que permitirão à indústria de defesa a possibilidade de investir em linhas de produção”, disse Ursula von der Leyen, citada pela agência turca Anadolu, na sua intervenção num painel com a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin.
A ideia tinha sido avançada na semana passada pela primeira-ministra estoniana, Kaja Kallas (que também está em Munique), como uma forma de superar as limitações actuais de produção de armamento de que a Ucrânia precisa para combater a sua guerra contra a Rússia.
Para Ursula von der Leyen, esse esforço conjunto permitiria “acelerar e aumentar a produção de produtos padronizados de que a Ucrânia tanto precisa”.
A agência de notícias turca refere que os chefes das diplomacias dos 27 deverão discutir essa possibilidade no Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros de segunda-feira, embora não se espere que seja tomada uma decisão sobre a matéria.
Para a presidente da Comissão Europeia, é preciso “redobrar os esforços” no auxílio militar à Ucrânia, de modo a que esta possa “frustrar os planos imperialistas de Putin”.
“Penso que nos próximos dias irão assistir a alguns anúncios e explicações das instituições europeias”, disse um diplomata à Reuters. “E depois haverá questões técnicas a trabalhar.”
Com a Ucrânia a consumir mais munição de artilharia no seu esforço de guerra do que a indústria dos seus aliados consegue produzir, como referiu esta semana o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, torna-se imprescindível conseguir que o sector consiga acompanhar as necessidades do empenho dos países no auxílio a Kiev.
Segundo um estudo estoniano, citado pela Reuters, as forças ucranianas disparam entre 2000 a 7000 cartuchos de artilharia por dia, enquanto as forças russas usam entre 20 mil e 60 mil.
O mesmo diplomata referiu que uma parte dos fundos para a aquisição conjunta de munições virá do Mecanismo de Apoio à Paz europeu, criado pela União Europeia para ajuda militar.
Um alto membro da UE disse à Reuters que Josep Borrell, o alto representante da UE para a Política Externa e de Segurança, considerou a proposta da Estónia como “potencialmente uma muito boa ideia”.
Se é certo que a compra de armamento tem sido quase sempre uma questão nacional para todos os Estados-membros, há um precedente na aquisição conjunta. Em 2014, a Agência de Defesa Europeia participou com cinco países numa compra conjunta de munição para uma arma antitanque.
E a agência já se mostrou disponível para ajudar agora. “Queremos continuar a apoiar os Estados-membros a reabastecer as suas reservas, que têm estado a enviar para a Ucrânia”, disse o director executivo da EDA, Jiri Sedivy. “Propusemos aos Estados-membros agir em seu nome na aquisição de diferentes tipos de munição.”