Polícia da Catalunha recuperou desenhos roubados de Salvador Dali

Os desenhos, avaliados em 300 mil euros, foram encontrados num armazém e devolvidas aos proprietários. Os autores do roubo dedicavam-se a assaltar vivendas consideradas de luxo na capital catalã.

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Desenho a carvão recuperado do artista espanhol Salvador Dali que tinha sido roubado em Barcelona Reuters/MOSSOS D'ESQUADRA
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Desenhos a carvão do artista espanhol Salvador Dali recuperados em Barcelona Reuters/MOSSOS D'ESQUADRA

Duas obras do pintor espanhol Salvador Dali, avaliadas em 300 mil euros e roubadas no ano passado de uma casa particular de Barcelona, foram devolvidas aos proprietários. A investigação foi concluída no verão do ano passado, mas só nesta sexta-feira é que a polícia da Cataunha revelou o resultado, numa conferência de imprensa.

As obras recuperadas são os desenhos Els Pagesos e Les sardanes de la festa major, feitos por Dalí em 1922, na sequência de uma encomenda para a ilustração de um livro que nunca se chegou a ser publicado.

As obras foram levadas em Janeiro do ano passado de uma casa de Barcelona por três irmãos que se dedicavam a assaltar vivendas consideradas de luxo na capital catalã. Os roubos tinham como objectivo levar dinheiro, jóias e outros objectos valiosos, não estando focados em obras de arte, o que acabou por despistar a investigação policial, que inicialmente pensou que os desenhos de Dalí tinham sido roubados por encomenda de algum coleccionador ou traficante de obras de arte, segundo explicou esta sexta-feira a polícia da Catalunha.

A pista para os desenhos de Dalí, que tinham sido procurados pelas autoridades nos circuitos habituais do tráfico de obras de arte, chegou através de uma pessoa que contactou a polícia para oferecer informações sobre o paradeiro das obras a troco de dinheiro. Esta pessoa havia sido contactada pelos irmãos que roubaram as obras, que lhe propuseram a compra dos desenhos. Acabou detida pela polícia e foi através dela que os investigadores começaram a seguir os três irmãos, com o objectivo de chegar aos Dalí.

Os autores do roubo contactaram vários possíveis compradores das obras de Dalí e receberam manifestações de interesse de uma pessoa em Portugal, mas o negócio não avançou, segundo a polícia.

Sem conseguir ainda perceber onde estavam as obras, três meses depois, a polícia acabou por deter os três irmãos porque estavam prestes a "continuar com os roubos e isso não se podia permitir", explicou esta sexta-feira José González, chefe da unidade de património histórico da polícia da Catalunha, numa conferência de imprensa.

Interrogados, os três detidos não deram pistas sobre as obras de Dalí, que foram por fim localizadas num armazém a que os polícias chegaram através de um código de abertura da entrada que estava numa mensagem armazenada num telemóvel apreendido aos irmãos criminosos.

Os proprietários actuais dos dois desenhos são os descendentes do advogado, escritor e político catalão Pere Coromines, que era amigo do pai de Salvador Dalí. Foi o próprio Pere Coromines que encomendou as obras ao artista, então com 19 anos. As obras tinham como objectivo ilustrar um livro que nunca foi publicado, mas os dois desenhos a carvão foram conservados pela família e estavam, emoldurados, na casa de Montserrat Herrera, neta de Pere Coromines, até serem roubados em janeiro do ano passado.

Depois de localizados, sete peritos da Fundação Dalí certificaram a autenticidade dos desenhos. Entre os objectos encontrados no mesmo armazém pela polícia estão também cinco "obras gráficas" de Joan Miró, cuja autenticidade não foi, porém, ainda certificada.

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