Estas estrelas-do-mar estavam a morrer misteriosamente. Agora, nascem em laboratório
Estrelas-do-mar-girassol em risco de extinção estão a ser criadas em cativeiro na Universidade de Washington, após grande declínio na última década que pode estar associado às alterações climáticas.
Alguns cientistas estão a criar em laboratório estrelas-do-mar-girassol ameaçadas de extinção, após um grande declínio das populações destes equinodermos na última década. Este trabalho está a ser desenvolvido a poucas horas de distância de Seattle, num local apenas acessível de barco, no centro de investigação marinha de Friday Harbor, na Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
As estrelas-do-mar-girassol, antes abundantes ao longo da costa do Pacífico, na península mexicana da Baixa Califórnia ao Alasca, têm sido dizimadas. Desde 2013, cerca de 90% destas criaturas desapareceram devido a uma misteriosa síndrome que pode ter sido causada pelas alterações climáticas e pelo aquecimento temperaturas oceânicas.
“Há alguma indicação de que a doença pode ter estado relacionada com a ocorrência de águas mais quentes naquela época”, disse Jason Hodin, investigador sénior do laboratório Friday Harbor, explicando a misteriosa coincidência por trás da morte de estrelas-do-mar e admitindo uma possível relação com a mudança do clima.
O laboratório, localizado na Ilha de San Juan, possui um “berçário” de estrelas-do-mar. Actualmente abriga 109 estrelas-do-mar de um ano, 23 de dois anos, 12 de três anos e aproximadamente 5000 de larvas de estrelas-do-mar-girassol no total que foram criadas em cativeiro.
“Os cientistas trouxeram ainda para o cativeiro 16 estrelas-do-mar-girassol adultas, que antes estavam no habitat natural. Mas é mais difícil discernir a sua idade”, disse Hodin, que está a liderar o programa desde o início, em 2019. O investigador espera um dia poder devolver estas criaturas à natureza.
Estrelas-do-mar aguentam águas quentes?
A Universidade de Washington e os laboratórios, que fazem o trabalho de campo no estuário de Puget Sound, realizaram o novo estudo em colaboração com o departamento de neurociência da mesma instituição. O objectivo é compreender como (e se) os equinodermos estão a ser afectados pela subida da temperatura das águas.
O estudante de pós-graduação em neurociência da Universidade de Washington, William Weertman, que já trabalhou com polvos, assume agora a tarefa de trabalhar com as pequeninas estrelas-do-mar.
O jovem cientista usa quatro câmaras para estudar o comportamento destas criaturas, especialmente a velocidade e os padrões de movimentos. O objectivo é usar os vídeos para criar modelos tridimensionais das estrelas para compreender, sob variáveis diferentes, mesmo as mudanças mais subtis.
Até agora, os estudos com as estrelas-do-mar adultas juvenis e jovens em laboratório forneceram algumas descobertas encorajadoras: as estrelas-do-mar-girassóis podem, afinal, tolerar águas mais quentes.
“Isto é uma coisa boa. Se as estrelas-do-mar-girassol se recuperarem na natureza, com ou sem ajuda humana, terão de o fazer num contexto de mudança no clima”, afirmou Hodin.