O teatro refrigerado de Diogo Vaz Pinto
Um entrevistador como cheerleader do entrevistado, atirando-lhe palavras como quem meneia as ancas na bancada, na esperança de o levar sempre um bocadinho mais além.
Dizia o grande crítico de cinema Louis Skorecki, numa entrevista em que era chamado a comentar os efeitos de amor (algum) e ódio (muito) gerado pelo seu trabalho de décadas, que o fundamental era “estar em paz com a possibilidade de não se ser amado”. Observação eventualmente aplicável a qualquer outra actividade, e mesmo com melancólica validade enquanto forma de encarar a vida, tout court, mas especialmente verdadeira para um exercício saudável do ofício de crítico de cinema. Quem não suporta o desamor que possa nascer do que diz e escreve, quem não suporta a possibilidade de não ser amado, é melhor que escolha outra actividade, e a sociedade até oferece, hoje, muitíssimas maneiras de se ser sempre simpático, fazer amigos, e estar de bem com toda a gente ao mesmo tempo.
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