Ministro vai divulgar parecer da PGR sobre greves aos sindicatos de professores

Conteúdo do parecer da PGR, pedido em Janeiro pelo Ministério da Educação, será revelado na ronda negocial marcada para esta quarta-feira.

Foto
Protestos de professores têm-se multiplicado desde Dezembro Manuel Roberto / PUBLICO

O ministro da Educação anunciou, nesta terça-feira, que irá divulgar o parecer da Procuradoria-Geral da República sobre a legalidade das greves "em primeira mão" aos sindicatos de professores durante a nova ronda negocial, marcada para esta quarta-feira.

"Já terminámos a análise jurídica do parecer e por respeito aos professores e aos sindicatos optei por fazer a divulgação do conteúdo do parecer amanhã na reunião com os sindicatos em primeira mão", disse João Costa à margem de um evento em Lisboa.

A Procuradoria-Geral da República revelou na passada sexta-feira que já tinha enviado o parecer pedido em Janeiro pelo ministério sobre a legalidade das greves convocadas por dois sindicatos, o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) e o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP).

O ministro vai divulgar o parecer durante a nova ronda negocial com os sindicatos que se inicia nesta quarta-feira e que tem como objectivo debater um novo modelo de colocação e recrutamento de professores.

João Costa defendeu que o ministério já fez "várias aproximações" ao longo do processo negocial, tais como estabelecer que a graduação profissional é critério único para contratação ou o facto de terem aumentado o número de Quadros de Zona Pedagógica para reduzir a sua dimensão geográfica.

"Estamos em negociação. Amanhã já estaremos a discutir em cima de uma proposta de articulado do que será a nova legislação. Temos outra reunião na sexta-feira. Marcámos duas reuniões porque queremos ouvir a queremos aproximar-nos naquilo que sejam matérias em que a aproximação é possível", disse.

A primeira proposta da tutela suscitou forte contestação por parte dos sindicatos, que iniciaram um período de greves em Dezembro do ano passado.

Além das greves, os dois últimos meses têm sido marcados também por manifestações nacionais e protestos localizados, mas João Costa disse estar confiante na nova ronda negocial: "A nossa expectativa é que consigamos chegar a acordo, é que consigamos chegar a um bom final destas negociações e que ultrapassemos esta situação rapidamente", disse.

João Costa disse querer "chegar a acordo e encontrar pontos de encontro", mas para isso é preciso haver "aproximações e cedências de parte a parte, sem intransigências".

"O Ministério não tem tido posições de intransigência e assim continuaremos", acrescentou, sem querer avançar se considera haver intransigência do lado dos sindicatos.

João Costa foi também questionado pelos jornalistas sobre a sugestão avançada na segunda-feira durante a apresentação do relatório da Comissão Independente da Igreja, sobre a criação de uma comissão para averiguar abusos também nas escolas.

O ministro respondeu que nas escolas é feita "desde sempre uma actuação rápida" e "quando acontecem situações e denúncias dessas em contexto escolar, o adulto é colocado em suspensão preventiva e abre-se um processo de averiguações". "Esses procedimentos funcionam", disse João Costa, defendendo não haver necessidade de um mecanismo semelhante.