EUA, Reino Unido, França, Itália e Alemanha criticam anúncio israelita de mais colonatos

Ministro da Segurança Itamar Ben-Gvir diz que “nove colonatos não são suficientes” reagindo a reprovação externa. Prometeu mais presença judaica em território ocupado.

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Colonato israelita no Vale do Jordão (foto de arquivo) ABIR SULTAN/EPA

França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Estados Unidos manifestaram-se esta terça-feira “profundamente perturbados” pelo anúncio do Governo israelita de que autorizará a construção de vários colonatos.

“Opomo-nos fortemente a acções unilaterais que servirão apenas para exacerbar a tensão entre israelitas e palestinianos e prejudicar os esforços para conseguir uma solução negociada de dois Estados”, disseram os ministérios dos Negócios Estrangeiros dos cinco países num comunicado divulgado na Alemanha, país com uma postura habitual de defesa do Estado hebraico.

“Continuamos a apoiar uma paz completa, justa e duradoura no Médio Oriente, que tem de ser obtida por negociações directas entre as partes”, continuava o comunicado conjunto.

Em resposta, o ministro da Segurança Nacional, do partido Sionismo Religioso, Itamar Ben-Gvir, dizia que “nove colonatos não são suficientes, precisamos de muitos mais”, cita a Reuters. Ben-Gvir é uma das figuras extremistas do Governo, que prometeu dar prioridade ao aumento dos colonatos.

As autorizações dadas pelo Governo foram retroactivas para colonatos já existentes, os chamados, em Israel, colonatos selvagens, ou seja, começados sem autorização do Governo (Israel divide os colonatos entre legais e ilegais consoante tenham ou não autorização do Governo; mas à luz do direito internacional todos são ilegais já que são transferência de população civil para território ocupado). Não é raro que colonatos comecem como “selvagens” e recebam autorização retroactiva, como aconteceu agora.

Os Estados Unidos tinham já expressado oposição a esta medida, e o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, manifestara na segunda-feira a sua “profunda perturbação” com o anúncio da legalização retroactiva de nove colonatos, da construção de centenas de novas casas e da ligação de conjuntos de habitações a água e electricidade. Ainda mais quando ainda há duas semanas, na visita a Jerusalém, Blinken tinha sublinhado a oposição norte-americana a mais legalizações e novas construções.

A continuação de criação de colonatos por Israel foi a razão dada pelo Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, para encarar negociações de paz como fúteis, argumentando que não haveria território contíguo suficiente para um Estado palestiniano com a continuação da construção e expansão dos colonatos.

O último esforço de mediação foi feito em 2013-14, por John Kerry, secretário de Estado da Administração Obama, que falhou. Num discurso que fez ao deixar o cargo, Kerry também criticou os colonatos depois de os EUA terem permitido, com uma rara abstenção, a aprovação de uma resolução crítica dos colonatos no Conselho de Segurança da ONU.

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