Guiné Equatorial confirma primeiras nove mortes causadas por vírus de Marburgo

Não há tratamento para o vírus de Marburgo, da família do Ébola, que tem uma taxa de mortalidade entre 24% e 88%. Desde 2005 que um surto por este vírus de febre hemorrágica não tinha tantas mortes.

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O vírus de Marburgo foi detectado pela primeira vez em 1967 Organização Mundial da Saúde

A Guiné Equatorial confirmou o seu primeiro surto do vírus de Marburgo, uma doença da família do vírus do Ébola altamente infecciosa e mortal, depois da morte de pelo menos nove pessoas, conforme avançou a Organização Mundial da Saúde (OMS) esta segunda-feira.

O pequeno país da África Central, com 1,2 milhões de pessoas e que pertence à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), já colocou mais de 200 pessoas em quarentena e restringiu os movimentos na última semana na província de Kie Ntem, depois da detecção de uma febre hemorrágica desconhecida. Nos Camarões, que partilha fronteira com a Guiné Equatorial, também há restrições de movimentos devido à preocupação com um eventual contágio.

Além das nove mortes, a Guiné Equatorial identificou mais 16 casos suspeitos de vírus de Marburgo com sintomas que incluem febre, fadiga, vómito com sangue e diarreia.

O vírus de Marburgo tem uma taxa de mortalidade entre os casos confirmados entre os 24% e os 88%, de acordo com os dados recolhidos pela OMS. Não existem vacinas ou tratamentos antivirais aprovados para esta doença.

Desde 2005 que não existiam tantas mortes associadas ao vírus de Marburgo, quando Angola teve um surto de casos na província de Uíge, com 227 mortes em 252 casos confirmados (90% de mortalidade).

O vírus transmite-se para pessoas a partir de morcegos frugívoros (que se alimentam de fruta) e pode propagar-se entre humanos através do contacto directo com fluidos corporais de pessoas, superfícies ou outros materiais contaminados.

O ano passado também foram confirmados três casos no Gana, com duas mortes registadas – também as primeiras neste país da África Ocidental.

No caso da Guiné Equatorial, as mortes foram preliminarmente relacionadas com uma cerimónia fúnebre na província de Kie-Ntem, revelou o ministro da Saúde local, Mitoha Ondo’o Ayekaba, na última sexta-feira.

As autoridades locais de saúde apontaram inicialmente, a 7 de Fevereiro, para uma doença desconhecida que estaria a causar os casos de febre hemorrágica e enviou amostras para um laboratório no Senegal, que confirmou uma delas como positiva para o vírus de Marburgo, explica a OMS.

“Graças à rápida acção das autoridades da Guiné Equatorial na confirmação da doença, a resposta de emergência foi dada rapidamente”, afirmou Matshidiso Moeti, director-regional da OMS para África, citado em comunicado.

Houve uma dúzia de grandes surtos de Marburgo desde 1967, principalmente no Sul e Leste de África. O primeiro surto ocorreu na Europa, precisamente em 1967, nas cidades alemãs de Frankfurt e Marburgo (daí o nome atribuído) e também em Belgrado (na Sérvia, à época ainda Jugoslávia). Em três laboratórios destas cidades, houve 31 pessoas infectadas depois de terem estado em contacto com macacos que tinham o vírus.