Estudantes do Porto querem testar semana de quatro dias de aulas

A Federação Académica do Porto apresentou uma proposta ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

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A Federação Académica do Porto quer testar a semana de quatro dias de aulas no Ensino Superior e apresentou uma proposta ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, anunciou a instituição.

A proposta de quatro dias de aulas nas Instituições de Ensino Superior (IES) contempla "um período de implementação" que seria o "primeiro semestre do ano lectivo 2023-24" e os ciclos de estudo a aplicar a propostas seriam nas "licenciaturas e mestrado integrado", nos "2.º, 3.º ou 4.º anos", lê-se no documento.

Ter um dia livre nas IES para os ciclos de estudos abrangidos pelo projecto-piloto, reduzir a carga horária em contexto de sala de aula, e promover a inovação pedagógica através de novos métodos de ensino-aprendizagem, incluindo o recurso a ferramentas digitais, são os primeiros requisitos elencados na proposta da FAP.

Desenvolver acções de formação para os professores sobre métodos e metodologias mobilizadas para o projecto e disponibilizar actividades de desenvolvimento transversal e valorização do envolvimento de estudantes através do reconhecimento de créditos no suplemento ao diploma também fazem parte do rol de requisitos para implementar aos quatro dias de aulas.

A avaliação do projecto-piloto terá de ser através de "auto-avaliação em cada IES", envolvendo estudantes, docentes e centro de investigação.

O projecto-piloto da FAP define também a existência de uma comissão de acompanhamento em que estejam presentes representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Direcção-Geral de Ensino Superior, Agência De Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado e representantes dos estudantes.

"A proposta desenvolvida não pretende que as IES funcionem apenas durante quatro dias por semana. Pretende uma reorganização da jornada de aulas. Se nunca testarmos, nunca saberemos se resulta", defende a presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Ana Gabriela Cabilhas.

Para a FAP, o formato das aulas, sobretudo no que respeita às componentes teóricas, ainda assenta num modelo predominantemente expositivo, com comunicação unidireccional e participação passiva dos estudantes. "A reorganização do horário semanal é possível, se adoptarmos diferentes práticas e métodos pedagógicos", defende.

"Para compensar a redução da carga horária, a adesão ao projecto-piloto deve contemplar a tecnologia como um elemento facilitador na missão de ensinar. O tempo de contacto docente-discente deverá tornar-se mais dinâmico, estimulando e motivando os estudantes com a introdução de ferramentas digitais que vão de encontro às capacidades e interesses dos nativos digitais", acrescenta.

A libertação de um dia útil vai permitir aumentar o tempo disponível para actividades de desenvolvimento transversal, de carácter formal ou informal, e para a participação em actividades desportivas, culturais, associativas ou de voluntariado, seja na Instituição de Ensino Superior, seja na cidade de estudo.

"A valorização formal da aprendizagem não formal é essencial para que mais estudantes compreendam a importância de desenvolverem outras competências fora da componente lectiva e a dedicação que esta exige. O desenvolvimento pessoal e interpessoal dos estudantes é fundamental para a inserção na vida activa", refere, lembrando que durante a pandemia, foram adoptados formatos positivamente valorizados pelos estudantes", retrata a presidente da organização estudantil.

Segundo a FAP, Portugal está entre os países europeus que detêm valores mais elevados de carga horária.

"São 21 horas de aulas semanais, contrastando com as médias de 16 a 18 horas da França, Bélgica e Países Baixos, as 14 a 15 horas do Reino Unido e Irlanda e as 10 horas da Suécia", assinala a FAP, acrescentando que Portugal está entre os países europeus com maior prevalência de perturbações do foro psicológico ou psiquiátrico e a população estudantil não é excepção, com situações de burnout (exaustão) cada vez mais frequentes entre os estudantes do Ensino Superior.