Montenegro diz que novo pacote laboral vai ter “efeitos perversos” nos trabalhadores

Líder do PSD dedendeu a recuperação do “tempo possível” da carreira de professores mas não concretizou.

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Montenegro afasta ideia de "arranjinhos políticos" Daniel Rocha

O líder do PSD considerou que o pacote de alterações à lei laboral aprovadas pelo PS, na passada sexta-feira, é “um processo digno de aselhice ou de ligeireza” dos socialistas e que vai ter “efeitos perversos” nos direitos dos trabalhadores.

Luís Montenegro reiterou as críticas à chamada Agenda do Trabalho Digno perante os congressistas dos Trabalhadores Social-Democratas (TSD). “Fico sinceramente preocupado com a subscrição do acordo de rendimentos em que alguns dos seus esteios estejam a ser deturpados, adulterados em prejuízo, muitas vezes, dos trabalhadores”, afirmou na sessão de encerramento do XV Congresso dos TSD, este domingo em Lisboa.

Tentando contrariar a ideia veiculada pela “esquerda” de que o PSD só se "preocupa com os empregadores", Montenegro apontou dois exemplos que considerou perniciosos para os trabalhadores. É o caso relativo às novas regras sobre as indemnizações por cessação do contrato de trabalho que vai “obrigar os trabalhadores a irem litigar nos tribunais”, referiu, condenando também a criminalização da falha da regularização na Segurança Social.

“Esta agenda é digna de ser estudada nos efeitos perversos que vai ter infelizmente nos direitos trabalhadores”, reforçou.

Num momento em que foi criticado pelo PS por causa das suas posições sobre política de imigração, Luís Montenegro defendeu a necessidade de atrair mão-de-obra estrangeira, mas também as suas famílias para permitir resolver problemas demográfico. “Quanto mais cedo um cidadão estrangeiro chegar a Portugal – pode ser uma criança – podemos contar com ele no futuro para cobrir uma lacuna de população que vamos ter nas próximas décadas”, sustentou, voltando a defender a adopção de um programa de “atracção e acolhimento de imigrantes”.

"Não é o tempo de arranjinhos políticos"

Um dia depois da manifestação de professores em Lisboa, e depois de a Fenprof ter anunciado novos pré-avisos de greve para Março, o líder do PSD defendeu a necessidade de a negociação com o Governo “dar frutos o quanto antes”, apelando a todas as partes envolvidas. "O Governo não pode ignorar o que está acontecer. O ministro da Educação e primeiro-ministro não podem fazer de conta que a escola em Portugal não está a atravessar dificuldade e que vamos pagar com consequências no futuro. Temos de arranjar uma solução”, sublinhou.

Assumindo uma posição equidistante entre sindicatos e Governo, Montenegro defendeu a necessidade de "valorizar a carreira de professor" e de recuperar o "tempo possível" de serviço dos docentes, que é "fruto" das "irresponsabilidades do passado", sem concretizar um número para essa recuperação.

Depois de pressionado nos últimos dias a clarificar a sua posição sobre o Chega num futuro cenário de governação, o líder do PSD sugeriu que ainda não é o momento para assumir uma estratégia. “Este é o momento de identificar quem tem fibra de olhar para futuro, Este não é o tempo das habilidades, artimanhas, dos arranjos políticos, dos sobreviventes, dos que só querem chegar ao dia de amanhã, é o tempo dos reformistas, dos que projectam, dos que são verdadeiramente solidários”, disse, assumindo que está "paciente, resistente e resiliente" no seu trabalho que "vai ser absorvido pela população e vai ser reconhecido nas próximas legislativas".

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