Funeral de líder budista provoca nova disputa entre China e Taiwan

Pequim critica Governo taiwanês por ter impedido visita de delegação para assistir às cerimónias fúnebres de Hsing Yun. Autoridades chinesas “não seguiram os canais oficiais”, justifica Taipé.

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OGoverno chinês considera Taiwan uma província ocupada e reivindica a sua soberania EPA/RITCHIE B. TONGO

China e Taiwan trocaram acusações este domingo, depois de as autoridades da ilha terem impedido a entrada de uma delegação chinesa para assistir ao funeral do influente professor budista Hsing Yun, que morreu a 5 de Fevereiro.

A porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, da República Popular da China, Zhu Fenglian, acusou o Partido Democrático Progressista (DPP), actualmente no poder em Taipé, de bloquear a entrada de um grupo convidado pela ordem budista Fo Guang Shan, fundada por Hsing Yun.

A delegação de 38 pessoas, que deveria ter chegado no sábado ao território reivindicado por Pequim como província chinesa e permanecido até terça-feira, era composta por representantes do Gabinete para os Assuntos de Taiwan, da Administração Nacional de Assuntos Religiosos chinesa, da Associação Budista Chinesa e de oficiais da província de Jiangsu, no Leste da China, de onde Hsing Yun era natural.

Zhu disse que as autoridades taiwanesas, “ignorando o mais básico humanismo, recusaram flagrantemente a entrada da delegação em Taiwan, deixando assim incompletas as cerimónias em memória do mestre Hsing Yun”, que serão realizadas na segunda-feira.

“O comportamento do DPP feriu profundamente os sentimentos dos fiéis de Fo Guang Shan”, acrescentou a porta-voz, num comunicado.

De acordo com a agência de notícias estatal chinesa Xinhua, a China continental vai prestar homenagem ao líder budista, neste domingo, no templo que a ordem Fo Guang Shan dirige em Yixing, na província de Jiangsu.

O Governo de Taiwan negou que a decisão tenha sido arbitrária e alegou que a delegação chinesa não seguiu os canais oficiais para solicitar a entrada no território, segundo a agência de notícias pública CNA.

O Conselho de Assuntos da China Continental de Taiwan explicou que o Governo não aprovou os pedidos de visto apresentados por 12 oficiais da província de Jiangsu, porque não seguiram os procedimentos necessários, que no caso de funcionários públicos, incluem a obtenção de uma autorização da respectiva tutela.

O órgão sublinhou que 120 cidadãos chineses obtiveram a autorização necessária para assistir ao funeral de Hsing Yun, entre familiares e amigos do mestre budista, fiéis da ordem Fo Guang Shan e representantes de outros grupos religiosos.

Hsing Yun, nascido em 1927 em Jiangsu, mudou-se para Taiwan em 1949 e alcançou milhões de seguidores nos 300 templos que fundou em todo o mundo.

O budista foi conselheiro e membro do Kuomintang (KMT), actualmente na oposição, e fez parte de uma delegação do partido que viajou para Pequim em 2013 e 2014 para se encontrar com o Presidente chinês Xi Jinping.

A ilha é governada de forma autónoma sob o nome oficial de República da China desde 1949, quando o KMT se retirou para o território, depois de perder a guerra civil chinesa contra as forças comunistas de Mao Tsetung.

O Governo chinês continua a considerar Taiwan uma província ocupada e reivindica a sua soberania.