“Ministério Público usa facturas de restaurante para incriminar bastonária dos enfermeiros”, publicado a 1 de Fevereiro 2023
Direito de resposta da bastonária da Ordem dos Enfermeiros a artigo publicado a 1 de Fevereiro de 2023 nas edições impressa e online.
Publicado por determinação da deliberação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social n.º ERC/2022/209 (DR-1), adoptada em 6 de Julho de 2022, nos termos do disposto no art.º 26.º da Lei n.º 2/99, de 13 de Janeiro.
No referido artigo, a jornalista Ana Henriques faz uma interpretação errada dos elementos que constam da acusação, construindo um trabalho jornalístico de teor sensacionalista, partindo do pressuposto de que os dirigentes da Ordem dos Enfermeiros gastaram centenas de euros em refeições.
Com efeito, ainda que não questione a sua legalidade, a jornalista descreve a existência de “faturas de restaurantes no valor de duas, três e mesmo quatro centenas de euros”, que, na realidade, não existem.
O que, facilmente, poderia ter esclarecido se tivesse possibilitado o exercício do contraditório à Ordem dos Enfermeiros ou aos visados em relação a estes e outros factos concretos que incluiu na sua peça jornalística.
Assim, é falso que Ana Rita Cavaco tenha gasto 283 euros em refeições no Burger King, sendo que essa refeição concreta custou 5,25 euros, ou que tenha estado em serviço fora de Lisboa naquele momento, uma vez que o almoço ocorreu antes da sua deslocação.
É, igualmente, falso que, no mês seguinte, tenha apresentado uma fatura de refeição que custou 331 euros em restaurante de Lisboa, quando se encontrava em serviço fora, sendo que esse almoço foi, igualmente, efetuado antes da sua deslocação e custou 43 euros, correspondendo à refeição de três dirigentes.
Sendo, por isso, também falsa a conclusão da jornalista de que 23 refeições apresentadas por Ana Rita Cavaco em 2016 tenham tido um custo médio de 241 euros cada uma.
Por outro lado, é falso que, no dia 15 de março de 2016, Luís Barreira tenha gasto em refeições na Pizza Hut e no McDonalds a quantia de 226 euros. Na verdade, o valor da fatura de almoço na Pizza Hut de quatro dirigentes é de 48,85 euros e a fatura referida no McDonalds é de 7,70 euros, sendo que as mesmas não são aptas a inviabilizar a deslocação que efetuou nesse dia.
Por outro lado, ainda, é falso que Ricardo Matos, no dia 28 de maio de 2016, tenha apresentado uma deslocação de Lisboa para Aveiro quando se encontrava em Genebra na Assembleia Mundial de Saúde. Essa deslocação corresponde ao seu regresso a casa, depois de ter viajado de avião de Genebra para Lisboa, justamente no dia em que terminou aquele encontro internacional de enfermeiros.
Por fim, é, obviamente, falso que Luís Furtado tenha, num único dia, apresentado 1706 quilómetros em deslocações, dado que aquele número corresponde ao período de um mês.
Estranha-se muito que o rigor e sobriedade a que o PÚBLICO nos tem habituado tenham cedido a expressões que, não tendo a mínima correspondência com a realidade, são puramente sensacionalistas e gratuitas: “Sítios mais afamados no mundo dos comes e bebes”; “um restaurante de Lisboa com vista para o green”; “almoçaradas”; “repastos”; “périplo gastronómico pago pelos enfermeiros”; “opções muito variadas, da fast food aos petiscas regionais”; “numa quarta-feira de Primavera” e “automobilistas de fórmula 1”.
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Pedroso Cavaco
Nota da Direcção: A notícia, como explicitamente consta da mesma, baseava-se na acusação. Há, no entanto, um erro na identificação de alguns restaurantes, que não põe em causa a substância dos factos aí noticiados. A jornalista procurou, por diversos meios, obter a posição da visada sobre a factualidade em causa, sem êxito. Só agora veio a visada apresentar a sua defesa.