Cuba, que linda és, Cuba

O leitor José P. Costa foi de Havana até Varadero, passando por Cienfuegos, Trinidad e Santa Clara, e voltou rendido aos encantos do país das Caraíbas.

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Havana Velha José P. Costa

Cuba foi descoberta por Cristóvão Colombo em 24 de Outubro de 1492, ou seja, há 530 anos. A ilha era povoada por indígenas, os quais lhe chamavam Bohio. Sebastião del Ocampo, em 1509, começou a sua colonização. O primeiro movimento de independência foi conduzido por Carlos Manuel de Céspedes, entre 1868 e 1878. José Marti (1853-1895), o herói nacional, foi condenado e deportado pelas suas actividades consideradas subversivas, e, no regresso a Cuba, fundou em 1892 o Partido Revolucionário Cubano, que em 1895 deu início a uma guerra pela independência, mas na qual acabou por falecer. Em 1898, os Estados Unidos invadiram em Cuba, e esta ilha passou a ser uma colónia sua, tendo, durante as primeiras décadas do século XX, continuado a exercer a sua influência, também através do seu fiel e subserviente Fulgêncio Batista, até que, no dia 1 de Janeiro de 1959 guiados por Fidel Castro, Che Guevara e muitos revolucionários venceram, dando início à Revolução Cubana que se mantém viva, apesar das muitas vicissitudes por que tem passado.

Iniciámos mais esta viagem pela capital, e, como é da praxe, percorremos Havana Velha, declarada Património Cultural e da Humanidade, em 1982, pela UNESCO. Há na cidade sempre novos motivos de interesse, um dos quais é que a colorida toponímia desta zona foi oferecida pela Fábrica Viúva Lamego. Ali encontrámos uma barbearia, a Habanera, onde estão na montra fotos de várias personalidades que utilizaram os seus serviços, de que destacamos António Guterres e o príncipe Carlos (agora Rei Carlos III).

Seguimos pelas calles e fomos até ao café que Eça de Queiroz, quando cônsul de Portugal, frequentava, o Colonata Egipciana. A sua actividade consular foi algo controversa, já que se opôs à utilização de mão-de-obra escrava oriunda da Macau, o que não foi bem aceite pelos latifundiários açucareiros cubanos.

Obrigatoriamente, fomos a dois dos ex-líbris da cidade, a Floridita e a Bodeguita del Médio, a quem, como é sabido, Hemingway não deixou de registar: "Mi daiquiri en la Floridita e mi mojito en la Bodeguita". Apesar da longa fila, também não desistimos de saborear um gelado na Copélia.

Seguimos até à província mais ocidental, Pinar del Rio, e fomos até Viñales, região conhecida pelas plantações de tabaco, Paisagem Cultural Protegida da UNESCO desde 1999, onde fomos visitar a Cueva del Índio, uma antiga residência indígena localizada a 5,5 km daquela cidade, descoberta em 1920 por um camponês chamado Juan Diaz. Dentro da caverna podem admirar-se algumas pinturas rupestres espectaculares e também alguns vestígios arqueológicos da cultura pré-colombiana.

Por ali passa o rio São Vicente, pelo qual se pode percorrer um trecho da gruta num barco a motor. É um local muito interessante devido às formações geológicas de estalactites e estalagmites que se avistam no interior da gruta, o que constitui um belo espectáculo. A Cueva del Índio é iluminada, permitindo que se possa admirar o interior desta maravilha subterrânea natural. Ali perto visitámos um Mural da Pré-História que ocupa cerca de 120 metros, pintado sobre um rochedo, o qual foi feito por artistas locais, e representa a teoria da evolução.

Visitámos a cidade de Cienfuegos, conhecida como a Perla del Sur, onde pudemos admirar e vogar na sua baía, uma das mais bonitas do país. A cidade foi colonizada por franceses, a partir de 1819, e muitos dos seus edifícios têm uma arquitectura de influência europeia.

Rumámos até Trinidad, considerada por muitos como a maior pérola de todas as cidades coloniais cubanas e que é Património Mundial desde 1988 e cujo centro histórico permanece muito bem conservado. Visitas obrigatórias: a Igreja da Santíssima Trindade, onde podemos ver um Jesus Cristo sentado, imagem algo rara, e também uma paragem para degustar no famoso bar da Canchánchara a bebida típica da região que contém mel, rum, água e limão.

De seguida partimos até Santa Clara, a cidade de Che Guevara. Aqui se desenrolou uma das mais importantes vitórias contra o ditador Fulgência Batista, quando Che e seus homens venceram o exército do regime. A história do próprio Che também é contada nesta cidade, num mausoléu onde se encontram os seus restos mortais, além de muitos objectos militares e dos revolucionários que participaram nesta batalha.

Finalizámos este périplo com uma breve mas reconfortante estada em Varadero, onde desfrutámos das águas límpidas e quentes, para além de nos deliciarmos com os sabores das comidas caribeñas e frutas tropicais e com os refrescantes néctares, além de vinhos e Bucaneras.

Notámos uma enorme profusão de telemóveis nas mãos do povo cubano, tal como nas nossas cidades, com os quais vão contactando os familiares tanto em Miami como em Espanha, segundo nos relataram em vários locais, e o ar sempre alegre, despreocupado e interessado em saber da nossa nacionalidade. Cativaram-nos com os seus sorrisos francos, e sempre com um pé a também puxar-nos para a salsa, apesar dos graves problemas que continuam a sentir por efeitos do bloqueio norte-americano, há mais de 50 anos, e anualmente condenado na ONU.

Hasta pronto!

José P. Costa

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