Real Madrid, o coleccionador de Mundiais de clubes

Quinto título “merengue” arrebatado com absoluta naturalidade, apesar do inconformismo do Al Hilal na final mais rica em golos.

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Vinícius marcou o primeiro golo da final do Mundial de Clubes EPA/Mohamed Messara

Quase um mês depois de ter perdido a final da Supertaça de Espanha ante o Barcelona, em casa do Al Hilal, em Riade, o Real Madrid vingou-se do “anfitrião” saudita e conquistou, com triunfo por 5-3, a 19.ª edição do Mundial de Clubes.

Para os “merengues” foi o quinto título em nove anos (oitavo no total, somando a Intercontinental). Para Ancelotti foi o terceiro (AC Milan, em 2007, e Real Madrid, em 2014)... Sem esquecer o feito de Toni Kroos, recordista com seis títulos. Tudo porque Vinícius (13, 69’) despertou os “blancos” para a goleada patrocinada pelo bis de Valverde (18 e 58’) e pelo golo da ordem de Benzema (54’).

Marega (26’) e Vietto (63 e 79’) mascararam os números da final com mais golos da história da competição... que o Real teve sempre controlada, apesar da indisfarçável permeabilidade.

No campo dos números, uma palavra para o flamenguista Pedro, rei dos goleadores, que igualou Cristiano Ronaldo com quatro golos numa só edição do Mundial de Clubes, marca que o português alcançou em 2016, rematada com um hat-trick na final, o único nas 19 disputadas na competição, ontem ameaçado por três jogadores.

O internacional português figura ainda como o melhor marcador de sempre, com 7 golos, seguido de Gareth Bale (6), Messi, Suárez e César Delgado, com cinco.

Com estes quatro golos, Pedro alcançou ainda o compatriota Denilson (Pohang Steelers, 2009), sendo apenas superado por Luis Suárez (Barcelona, 2015), ano em que o uruguaio assinou cinco golos: hat-trick no primeiro jogo e bis na final.

Resposta a Rodrygo

Pedro, que em 2020 foi referenciado como alvo de FC Porto e Sporting, superou ainda os números do vascaíno Romário (finalista vencido em 2000), autor de 3 golos — fasquia atingida por Wayne Rooney (Manchester United, 2008), Gareth Bale (Real Madrid, 2018) e mais nove futebolistas. Com dois golos em cada jogo, Pedro deu a melhor resposta ao compatriota (ex-Santos) Rodrygo, que não resistiu a deixar uma provocação aos flamenguistas ao dizer que já esperava encontrar o Al Hilal na final.

Num momento em que Flamengo e o treinador português Vítor Pereira são alvo preferencial de críticas e até ataques de adeptos e da imprensa brasileira, os golos de Pedro funcionaram como autêntico bálsamo num jogo que poderia ter contribuído para o extremar de posições.

Flamengo segura pódio

Em Marrocos, os egípcios do Al Ahly ameaçaram — apesar do penálti de Gabriel Barbosa aos 11 minutos — transformar a existência de Vítor Pereira num verdadeiro inferno. Não tanto por poder falhar um lugar no pódio de consolação, depois de afastado da final pelo Al Hilal, mas sobretudo pela desconexão de uma equipa que deu ares de sobranceria e viu o Al Ahly virar o jogo, mesmo tendo desperdiçado um penálti.

Abel Ferreira, que em 2020 ficou no quarto lugar, ao perder com este mesmo Al Ahly no desempate por penáltis (após nulo no tempo regulamentar), respondera já a uma questão relacionada com a derrota do Flamengo ante o Al Hilal, lembrando que antes de afiarem as garras, deviam pensar em melhorar a organização do futebol brasileiro, que suscita críticas relacionadas com o calendário competitivo e com a qualidade dos relvados.

Além disso, os clubes brasileiros (não tendo sido esse o caso em 2020, quando o Palmeiras perdeu com o Tigres do México) chegam ao Mundial de Clubes numa fase mais atrasada de preparação, especialmente quando comparado com os clubes europeus, mas também com os africanos e asiáticos.

Vítor Pereira fez questão de recordar, no final, que há dores de crescimento, especialmente quando a equipa tem cerca de um mês de preparação. Erros como os cometidos em Marrocos, onde o Flamengo viveu momentos de tensão, aliviada pela expulsão de um adversário, a 20 minutos do final. Contra dez, os cariocas viraram o jogo com dois golos de Pedro e um segundo penálti de “Gabigol”, fixando o 2-4 final no marcador.

Félix marca no regresso

Longe desta discussão, destaque para a Premier League, onde João Félix recuperou o lugar no onze do Chelsea, depois de uma suspensão de três jogos, e se estreou a marcar... com assistência de Enzo Fernández. Os campeões mundiais de 2021 não conseguiram guardar a vantagem e empataram com o West Ham.

Sorte idêntica teve o Arsenal, ao ceder (1-1) na recepção ao Brentford. Os “gunners” podem ver o Manchester City encurtar distâncias para o topo. Com menos seis pontos, o campeão inglês recebe este domingo o Aston Villa (ficará com mais um jogo) e pode aumentar a pressão.

Pior só o Tottenham, em dia de estreia de Porro (ex-Sporting), ao perder por 4-1 com o Leicester, com críticas para o lateral espanhol. O Fulham de Marco Silva regressou aos triunfos (2-0 sobre o Forest) e espreita os lugares europeus, agora no sétimo posto.

Atravessando o Canal da Mancha e rumando a sul, no principado, o Mónaco bateu o PSG (3-1, resultado feito na primeira parte) antes de os parisienses (sem Mbappé, Messi e Renato Sanches) receberem o Bayern Munique para a Champions. Bávaros que bateram (3-0) o Bochum na Liga alemã e mantêm o Union Berlin a um ponto do primeiro lugar.

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