Cientistas portugueses descobrem relação entre molécula no sangue e insuficiência cardíaca

Equipa portuguesa estudou 164 pacientes com insuficiência cardíaca para medir a presença da molécula IL-6 e a sua relação com problemas cardíacos. Esta síndrome afecta meio milhão de portugueses.

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A insuficiência cardíaca afecta quase meio milhão de portugueses FERNANDO VELUDO/NFACTOS

Os níveis elevados de uma molécula pró-inflamatória no sangue estão associados a eventos cardiovasculares graves e “potencialmente fatais” em doentes com insuficiência cardíaca, descobriram investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).

A FMUP revela em comunicado que o estudo, publicado na revista Cytokine, “abre portas a novas terapêuticas” para a insuficiência cardíaca, síndrome que afecta quase meio milhão de portugueses.

A investigação mostra que os níveis elevados de uma molécula pró-inflamatória no sangue estão associados a “eventos cardiovasculares graves e potencialmente fatais em doentes com insuficiência cardíaca”.

“Esta relação é independente de factores de prognóstico classicamente utilizados, incluindo a função cardíaca, função renal e a proteína C reativa (PCR), sendo que a IL-6 [interleucina-6, um mediador da resposta inflamatória] revelou ser superior como biomarcador inflamatório nestes doentes”, adianta a instituição.

No estudo, os investigadores recorreram a um registo de doentes com diagnóstico de insuficiência cardíaca, com idades entre os 69 e 84 anos, internados no Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto.

Os autores do estudo destacam no comunicado que a investigação “acresce ao conhecimento existente, ao demonstrar uma forte associação da IL-6 com os eventos cardiovasculares, independentemente da presença de infecção concomitante”.

Também Francisco Vasques-Nóvoa, autor do estudo, afirma que os dados “sustentam a possibilidade de benefício clínico associado ao uso de novas terapêuticas que tenham como alvo a IL-6”​.

Entre as terapias podem estar anti-inflamatórios ou inibidores directos da IL-6, mas são, no entanto, “necessários mais estudos para avaliar a sua eficácia e segurança antes da aplicação na insuficiência cardíaca aguda”, segundo a FMUP.

A investigação contou ainda com a participação do Laboratório Associado Rise, do Centro Hospitalar Universitário de São João​ e da Universidade de Lorraine (França), tendo sido financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.