Ficaram sem casa em incêndio na Sé e esperaram 15 horas na rua por solução de alojamento

O prédio do bairro portuense ardeu de madrugada. Ao fim da tarde, os moradores ainda não sabiam onde iam pernoitar. Uma dezena de pessoas ficou desalojada.

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O incêndio foi combatido pelo Regimento de Sapadores do Porto na madrugada de quinta-feira Lusa/Arquivo

Depois de verem a sua casa destruída na sequência de um incêndio, seis moradores da Sé, no Porto, ficaram na rua, pelo menos, 15 horas à espera de uma solução temporária de alojamento. O fogo, que deflagrou no último piso e desalojou 10 pessoas – uma delas foi assistida no hospital com ferimentos ligeiros -, ocorreu na madrugada desta quinta-feira, pouco depois das 3h. Às 5h12 estava em fase de rescaldo. Só que por volta das 18h ainda havia moradores no perímetro que não sabiam onde iam pernoitar.

Ao final da tarde desta quinta-feira, sentado numa cadeira junto ao prédio de três pisos que ardeu de madrugada, Miguel Pinto, de 49 anos, cobre-se com uma manta. Com as mãos segura duas muletas. Ao pescoço tem um colar cervical, com o qual tem de andar, por força de uma intervenção cirúrgica recente à coluna. A poucos metros estão alguns sacos com os pertences que conseguiu tirar de casa.

O morador do primeiro andar está ali desde perto do meio-dia, mas há quem lá esteja há mais tempo. Só não está há mais horas na rua porque o resto do tempo passou-o no hospital. “Magoei-me quando tentava ajudar o meu vizinho e tive de ir para o hospital. Fui lá arrombar a porta de casa dele. Com a aflição até me esqueci que tinha sido operado há pouco tempo à coluna”, conta. Teve alta ao início da tarde e voltou à Sé. Cerca das 17h30, ele, a mulher e os três filhos ainda não sabiam onde iam passar a noite. “Ainda ninguém veio cá dizer para onde vamos”, desabafa.

No mesmo local está Luís Nunes, que também se aquece com uma manta. O homem de 83 anos, também morador do 1º andar, está ali desde perto das 3h30 e lamenta não ter visto o presidente da câmara, Rui Moreira, dirigir-se ao local onde três agregados familiares foram afectados pelo incêndio. “Só cá esteve o presidente da junta, mas ainda não resolveram nada”. Ao longo do dia, os moradores que lá estão tiveram de contar com a ajuda de vizinhos e dos donos de um café das imediações.

O fogo ficou circunscrito ao último piso do prédio. Mas, ao todo, foram afectadas três casas – a força da água usada para apagar o incêndio fez com que o tecto de dois apartamentos do primeiro andar desabasse. Na sequência do incêndio, 10 pessoas ficaram desalojadas, uma delas, Miguel Pinto, com ferimentos ligeiros. As causas ainda estão por apurar. Às 8h, fonte da Protecção Civil, citada pela Lusa, dizia que os moradores seriam encaminhados para outro local. O realojamento ficaria a cargo da Segurança Social.

Ao final da tarde, fonte da Câmara do Porto disse ao PÚBLICO que a responsabilidade de realojar os moradores cabe à Segurança Social, que, adiantou, já tinha encontrada uma solução de alojamento temporário. Porém, quem foi afectado pelo fogo, já depois das 19h, garante não ter sido informado sobre qualquer avanço.

Quando o PÚBLICO recebeu a informação de que a Segurança Social tinha finalmente encontrado resposta, já Luís Nunes tinha recebido o auxílio de um familiar, que lhe arranjou um espaço para passar a noite. Entretanto, também a Miguel Pinto e família tinha sido oferecida uma alternativa. “O meu patrão e os meus colegas vão-me ajudar a ir para um hostel”. O agregado familiar que habitava o último piso, onde deflagrou o incêndio, também foi acolhida por familiares. “Agora falta saber como vai ser nos próximos dias”, atira Miguel Pinto.

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