Teatro de Marionetas do Porto faz render o seu armazém criativo

Companhia começa a assinalar o 35.º aniversário com a reposição de espectáculos, uma nova exposição e oficinas criativas.

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Pelos Cabelos tem encenação e cenografia de Isabel Barros, directora do TMP Susana Neves

Com uma nova criação colectiva já na agenda, uma nova exposição, a reposição de três espectáculos e várias oficinas, o Teatro de Marionetas do Porto (TMP) começou já a assinalar o seu 35.º aniversário. O aniversário acontece apenas em Setembro, dia 29, e para o início do Outono a companhia tem calendarizada a estreia de uma nova criação – vai chamar-se Armazém 88, antecipa ao PÚBLICO Isabel Barros, encenadora e directora do TMP. “Armazém, porque vamos revisitar muitas obras do nosso reportório; significa literalmente irmos ao armazém e fazer todo um trabalho de pesquisa e de experimentação a partir da nossa história, das nossas criações mais emblemáticas”, adianta Isabel Barros sobre a principal aposta do ano, que, como tem acontecido em ocasiões anteriores, será também uma criação colectiva, a estrear em Outubro no Festival Internacional de Marionetas do Porto.

Até lá, e para o primeiro trimestre do ano, o TMP tem vindo também a apostar na reposição e remontagem de criações do seu já vasto reportório. Aconteceu assim com Como um Carrossel (2017), com que participou, em Janeiro, no 91.º aniversário do Teatro Rivoli; e também com o espectáculo actualmente em cena, Pelos Cabelos (2013), a que se seguirá Frágil (2011), no início de Março.

Pelos Cabelos está em cena, aos sábados e domingos, até 19 de Fevereiro, no pequeno palco histórico da companhia, o Teatro de Belomonte. É uma remontagem que Isabel Barros reencenou com os mesmos bonecos que tinham sido construídos a partir de ilustrações de João Vaz de Carvalho, mas agora com manipulação e interpretação de Micaela Soares e Vítor Gomes.

É uma bem-humorada viagem à Terra de Lá, um lugar onde não há carros, nem escolas, nem hospitais, nem prisões; mas há aviões, foguetões, pássaros e outros seres com muito cabelo, como pincéis de barba e bigodes, e até um inesperado “rap do Senhor Cotão” interpretado ao vivo pelos dois actores.

O imaginário insólito e algo surrealista desta história está documentado no Museu das Marionetas do Porto, mesmo ao lado do teatro, com a exposição temporária Marionetas e as outras artes, que mostra as ilustrações originais de João Vaz de Carvalho, não apenas de Pelos Cabelos mas também de Lições de Voo (2019).

O percurso do museu – que este ano assinala o 10.º aniversário – permite também fazer uma visita à história do TMP, com vitrinas, estantes, marionetas e cartazes que documentam os momentos mais altos da companhia fundada em 1988 por João Paulo Seara Cardoso (1956-2010), em títulos como Miséria (1991), Vai no Batalha (1993), IP5 (1996), Óscar (1999), Cabaret Molotov (2006) ou Bichos do Bosque (2007).

Na programação deste primeiro trimestre, o TMP promove igualmente uma série de oficinas dedicadas a diferentes faixas etárias e públicos, com base no seu polo na Quinta de Bonjóia – que a companhia continuará a usar por mais quatro anos, na sequência da renovação do contrato com a Câmara Municipal do Porto.

Nos próximos dias 25 e 26 de Fevereiro – e ainda associado ao imaginário das ilustrações de João Vaz de Carvalho –, decorre a oficina Nuvens Cabeludas, para pais e filhos. No mesmo espaço, a 18 de Março, Paula Abrunhosa dirige uma oficina para pessoas portadoras de deficiência visual, intitulada Livros partilhados, livros reinventados. “Essa voz mediadora que se entrança e dança nas palavras cederá então a vez às ‘vozes’ dos outros”, promete o programa.

Associado à reposição de Frágil (Teatro Helena Sá e Costa, de 23 a 26 de Março), última criação (não acabada) de João Paulo Seara Cardoso, o Teatro de Belomonte será palco, nos dias 4 e 11 de Março, de uma oficina de construção de marionetas para crianças dos 6 aos 12 anos, intitulada Fragil? Não!

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