Pedro Moutinho abre as portas de Casa num CCB esgotado

Pedro Moutinho apresenta no ciclo Há Fado no Cais o seu mais recente trabalho, Casa, primeira parte de um álbum a editar no final do ano. Esta quinta-feira no CCB, às 21h.

Foto
Pedro Moutinho fotografado para o EP SILVERBOX

Com quatro fados e uma canção começa o novo trabalho do fadista Pedro Moutinho, Casa, EP que anuncia outro EP (Água) e que, juntos, irão compor um álbum a lançar antes do final deste ano: Casa d’Água. Lançado em meados de Janeiro nas plataformas digitais, o disco é apresentado esta quinta-feira em Lisboa, no Pequeno Auditório (já esgotado) do Centro Cultural de Belém (21h), no ciclo Há Fado no Cais, parceria do CCB com o Museu do Fado.

A ideia de construir este trabalho em várias fases surgiu, diz Pedro Moutinho ao PÚBLICO, num “ano de muitas decisões e muitas mudanças”: “Eu sabia o que queria fazer, mas faltava aparecer ideias, e elas apareceram através da minha agência, do André Sebastião do Bairro da Música.” O tema Casa d’Água, o único deste disco que não é um fado tradicional, com letra de João Monge, música de Amélia Muge e arranjos de Filipe Raposo, é que deu o mote. “O André já adorava esse tema e sugeriu dividir o trabalho em dois. O primeiro, mais com fados tradicionais, a que chamámos Casa, e o segundo, Água, que é mais dedicado às canções. Casa é de onde eu venho, onde eu sempre estive, que é o fado tradicional. E a água, dizia-me ele, é uma coisa que flui, que corre, para onde também se pode ir na busca de outros caminhos.”

Além de Casa d’Água, tema que fecha o EP, o disco conta com mais quatro temas: Um resto de mouraria, um clássico com letra de Carlos Conde e música de Martinho d’Assunção, único não-original, a abrir, e, pelo meio, três inéditos, todos com músicas de fados tradicionais. Dois com letra de Maria do Rosário Pedreira, Imprevisto (com música do Fado Louco, de Alfredo Marceneiro) e Sem volta (com música do Fado Solene, de Alberto Correia) e A viagem, com letra de Teresinha Landeiro e música do Fado Magala, de Raul Portela. “A Casa d’Água foi o início, mas eu já tinha os temas da Maria do Rosário Pedreira e o da Teresinha. A partir daí, foi escolher os quatro temas que faziam mais sentido neste contexto.”

Quanto a Um resto de mouraria, a sua escolha integra-se numa prática que já não é inédita em Pedro Moutinho, diz ele: “Adoro fazer isto. Ir buscar temas que não foram grandes sucessos, mas que são lindíssimos, e trazê-los para os dias de hoje. É o caso de Um resto de mouraria, que eu já ouvira, ainda muito miúdo, pelo Alfredo Duarte Jr. [1924-1999, filho de Alfredo Marceneiro] e mais recentemente vim a descobrir que a minha querida Celeste Rodrigues [1923-2018] também tinha gravado. Vieram vários à baila, mas este foi o escolhido.”

A sublinhar esta ideia, a dos fados clássicos, esteve também a sessão fotográfica destinada a promover este trabalho, onde se recorreu a uma técnica antiga: “Ser fotografado com uma técnica do século XIX, onde se diz que nasceu o fado, foi também uma bela ideia”, diz Pedro.

O segundo EP, Água (que, tal como o primeiro, não terá edição física) deverá ser publicado no final do Verão e, segundo Pedro Moutinho, “vai ser mesmo diferente do primeiro”, com a exploração de novas sonoridades. No concerto do CCB, porém, é o ambiente do primeiro que comanda: “Vou buscar os tradicionais que agarrei melhor durante a minha carreira, de discos passados, também alguns clássicos, como A rua do desencanto ou Contemplo o que não vejo, e numa parte do concerto vou fazer o alinhamento dos cinco do EP Casa, todos juntos. Vai ser um concerto praticamente só de fado tradicional e clássico, tirando a Casa d’Água, que vai fazer a ponte para o próximo EP.” Com Pedro Moutinho (voz), estarão José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Pedro Soares, na viola de fado e Frederico Gato, no baixo acústico.

Sugerir correcção
Comentar