Leonardo DiCaprio deu o nome da mãe a uma cobra devoradora de caracóis
O actor baptizou a nova espécie numa tentativa de promover o debate sobre o impacto negativo da exploração mineira na biodiversidade da América Central e do Sul.
Quando o actor Leonardo DiCaprio vai a uma cerimónia de entrega de prémios, a sua mãe está frequentemente ao seu lado. Agora, o actor conquistou um novo espaço para a Irmelin noutro lugar especial: nos arquivos da biologia.
O actor baptizou recentemente uma espécie de cobra que se alimenta de caracóis, há pouco tempo descoberta, em homenagem à sua mãe, Irmelin, numa tentativa de chamar a atenção para as ameaças que a exploração mineira representa para a biodiversidade na América Central e do Sul.
Sibon irmelindicaprioae – a cobra comedora de caracóis de DiCaprio – é um réptil dócil que habita no leste do Panamá e noroeste da Colômbia, onde procura por caracóis e lesmas nas folhagens de palmeiras, nas árvores e arbustos. Mas as florestas antigas que lhes servem de abrigo estão ameaçadas.
Parte do motivo tem a ver com a conversão de habitat em campos de pasto, dizem os investigadores num artigo que descreve a espécie, juntamente com outros quatro tipos de serpentes comedoras de caracóis recentemente identificados, na revista ZooKeys. Mas a exploração mineira representa outra ameaça.
"Vastas áreas" de floresta tropical estão a ser limpas para apoiar a exploração mineira em grande escala, que, por sua vez, devastam o habitat das serpentes, segundo os investigadores. Fora das áreas protegidas do Panamá, escrevem, apenas 54% do habitat da S. irmelindicaprioae permanece.
O estudo segue a evolução das serpentes utilizando a informação do ADN de uma variedade de espécies dentro da Dipsadini. Conhecida como uma "tribo" animal em termos taxonómicos, o grupo inclui um conjunto diversificado de serpentes comedoras de caracóis com habitat em toda a América Central.
Os investigadores utilizaram ferramentas genéticas para criar um mapa de árvores que rastreia as relações entre as serpentes. A análise levou-os a identificar as novas espécies e a propor-lhes nomes.
A exploração mineira destrói o habitat e estimula a poluição, que afecta as lesmas e caracóis que servem como principal fonte de alimento destas serpentes. Tanto a mineração legal como a ilegal, que disparou durante a pandemia, ameaçam as serpentes, afirma o biólogo Alejandro Arteaga, co-autor do estudo, num comunicado de imprensa.
Nas florestas tropicais do Rio Nangaritza, no Equador, a mineração transformou uma paisagem intocada no pesadelo de um conservacionista, diz o investigador. O rio "já não é um paraíso", nota Arteaga que alerta: "Centenas de mineiros ilegais que utilizam retroescavadoras tomaram posse das margens do rio, que estão agora destruídas e transformadas em escombros.”
O bilionário Brian Sheth, um antigo capitalista de risco transformado em filantropo de conservação, deu nome a outra das espécies, Sibon marleyae, em homenagem à sua filha, Marley.